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Tudo isso junto de uma vez só: - teses.musicodobra...

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gerações <strong>de</strong> músicos. Esse repertório, apesar <strong>de</strong> alg<strong>uma</strong>s exceções <strong>de</strong> músicas com letras<br />

colocadas posteriormente, consolidou <strong>uma</strong> tradição <strong>de</strong> música instrumental brasileira a que<br />

chamamos hoje <strong>de</strong> choro.<br />

A concepção <strong>de</strong> choro como grupo instrumental não <strong>de</strong>sapareceu, tanto que aos<br />

poucos vão sendo inseridos outros ritmos e outras melodias no repertório dos chorões,<br />

todos eles sendo incorporados ao universo do choro. Por exemplo, <strong>uma</strong> música do próprio<br />

Hermeto Pascoal, “Bebê”, que originalmente, é um baião, mas é tocada em rodas e por<br />

grupos <strong>de</strong> choro.<br />

Participando em rodas <strong>de</strong> choro, como ouvinte e musicista, observei que a palavra<br />

continua sendo usada em diferentes sentidos, referindo-se ora ao grupo que toca, ora às<br />

músicas tocadas. No entanto, prevalece o uso da palavra choro significando o tipo <strong>de</strong><br />

música. Nesse sentido, ainda é interessante notar que, por um lado, trata-se <strong>de</strong> um gênero<br />

que engloba vários outros, tal<strong>vez</strong> como um resquício daquele sentido original <strong>de</strong> “maneira<br />

<strong>de</strong> tocar”, ou seja, praticamente qualquer música sendo tocada <strong>de</strong> tal maneira por um grupo<br />

<strong>de</strong> choro, é choro. Mas, por outro lado, choro <strong>de</strong>signa também um gênero com<br />

características próprias, que o diferem da polca, do maxixe, do tango etc.<br />

Se um brasileiro, acost<strong>uma</strong>do a ouvir <strong>uma</strong> roda <strong>de</strong> choro, escuta “A vida é um<br />

buraco”, “Naquele tempo”, ambas <strong>de</strong> Pixinguinha e “O gaúcho”, <strong>de</strong> Chiquinha Gonzaga<br />

(músicas muito conhecidas e tocadas nas rodas <strong>de</strong> choro <strong>de</strong> Belo Horizonte, por exemplo),<br />

provavelmente ele reconhece todas essas músicas como sendo choros, por estarem sendo<br />

tocadas naquele contexto específico. No entanto, tanto o músico que lê a respectiva<br />

partitura, quanto aquele que já incorporou “<strong>de</strong> ouvido” harmonia, ritmo e melodia,<br />

sabem que as três músicas são bem diferentes, a ponto <strong>de</strong> <strong>de</strong>mandarem “levadas” 26<br />

distintas: polca, choro, maxixe ou tango brasileiro.<br />

Atualmente, além das rodas <strong>de</strong> choro, há <strong>uma</strong> escola <strong>de</strong> choro propriamente dita em<br />

ativida<strong>de</strong> no Rio <strong>de</strong> Janeiro. Chama-se Escola Portátil <strong>de</strong> Música porque, assim como as<br />

rodas antigas e atuais, conserva <strong>uma</strong> certa mobilida<strong>de</strong>, po<strong>de</strong>ndo acontecer em locais<br />

diferentes. A escola é coor<strong>de</strong>nada pelo compositor e violonista Maurício Carrilho e pela<br />

26<br />

“Levada” é o mesmo que batida rítmica, ou seja, o padrão rítmico <strong>de</strong> acompanhamento utilizado no choro<br />

(ou em vários outros gêneros musicais brasileiros), sobretudo pelos instrumentos <strong>de</strong> “base”: o violão, o<br />

cavaquinho e o pan<strong>de</strong>iro.<br />

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