Tudo isso junto de uma vez só: - teses.musicodobra...
Tudo isso junto de uma vez só: - teses.musicodobra...
Tudo isso junto de uma vez só: - teses.musicodobra...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
cavaquinista Luciana Rabello. Em 2004 e 2006, participei <strong>de</strong> dois festivais organizados por<br />
eles em Men<strong>de</strong>s, on<strong>de</strong> tive acesso a um vasto material sobre a prática dos gêneros musicais<br />
que compõem o universo do choro, como veremos a seguir.<br />
5.3. Oficina <strong>de</strong> composição<br />
No segundo Festival Nacional <strong>de</strong> Choro que aconteceu em janeiro <strong>de</strong> 2006, em<br />
Men<strong>de</strong>s, tive a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> participar <strong>de</strong> um curso <strong>de</strong> composição <strong>de</strong> choro ministrado<br />
por Maurício Carrilho, músico que reúne qualida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> compositor, violonista, professor e<br />
pesquisador.<br />
A primeira lição da aula foi a composição <strong>de</strong> <strong>uma</strong> polca. Estavam presentes em<br />
média 20 alunos, <strong>de</strong> todo o Brasil, além <strong>de</strong> um italiano e um argentino, cada qual<br />
matutando e costurando sua respectiva polca. No meu caso, a primeira parte da polca veio<br />
rapidamente, lembrei-me <strong>de</strong> alg<strong>uma</strong>s polcas que conhecia e fui cantarolando um pequeno<br />
motivo, em seguida aprendi que precisava respon<strong>de</strong>r àquele motivo <strong>uma</strong> <strong>vez</strong> <strong>de</strong> forma<br />
suspensiva (reticências, interrogação) para em seguida respondê-lo <strong>de</strong> forma conclusiva<br />
(ponto). A primeira parte estava feita, lá fui eu para a segunda. Era preciso modular, por<br />
exemplo para um tom menor. Fui então tocando <strong>uma</strong> harmonia possível e um outro motivo<br />
foi aparecendo. Mostrei para o Maurício e ele foi claro na constatação: “Tem muita<br />
síncope, virou tango ou no máximo <strong>uma</strong> polca-tango.” Resultado, eliminei praticamente<br />
todas as síncopes da partitura, terminei a polca.<br />
Ao final da oficina, tínhamos o privilégio <strong>de</strong> escutar nossas composições sendo<br />
tocadas por um regional formado pelos próprios mestres (os professores <strong>de</strong> cada<br />
instrumento). Qual não foi minha surpresa ao escutar minha “polquinha” e perceber que<br />
mesmo sem síncopes na melodia, havia acentuações rítmicas no acompanhamento, além do<br />
sotaque característico ao tocar, que naturalmente integravam aquela melodia ao universo do<br />
choro.<br />
Não foi por acaso que começamos a oficina <strong>de</strong> composição enten<strong>de</strong>ndo o que seria<br />
<strong>uma</strong> polca. Como veremos em <strong>de</strong>talhes no próximo tópico, a polca foi um dos primeiros<br />
gêneros <strong>de</strong>stinados à dança que chegou da Europa ao Brasil. Mas, afinal, o que faz da<br />
55