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Tudo isso junto de uma vez só: - teses.musicodobra...

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chorões e não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> manter seu papel <strong>de</strong> escola, ou seja, <strong>de</strong> convivência e trocas<br />

musicais.<br />

5.2. Inventando a roda<br />

Mário <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>, no Dicionário musical brasileiro, fala da ambigüida<strong>de</strong> da<br />

palavra choro, que <strong>de</strong>signa um gênero musical e um agrupamento instrumental. Ele sugere<br />

que o termo choro viria da expressão “chorar”, metáfora muito utilizada para <strong>de</strong>signar<br />

<strong>de</strong>terminada maneira <strong>de</strong> tocar, que afinal <strong>de</strong>senvolveu-se como <strong>de</strong>signação <strong>de</strong> um gênero<br />

musical. Apesar <strong>de</strong> caracterizar o choro primeiramente como música noturna <strong>de</strong> caráter<br />

popular coreográfico, ele procura logo <strong>de</strong>svencilhá-lo <strong>de</strong> qualquer função utilitária,<br />

afirmando seu caráter eminentemente instrumental e até anticoreográfico, sendo portanto<br />

música <strong>de</strong>sinteressada.<br />

Como vimos, o choro “<strong>de</strong>sinteressado” é o choro que conhecemos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as<br />

primeiras gravações até hoje, mas as memórias <strong>de</strong> Alexandre Gonçalves Pinto revelam<br />

justamente a importância dos con<strong>junto</strong>s chamados choros nas festivida<strong>de</strong>s religiosas e<br />

familiares do Rio <strong>de</strong> Janeiro provinciano. Nem sempre os choros tiveram função<br />

“puramente musical” como quer Mário <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>. Ele tinha como referência as gravações<br />

que ouvia, o “Urubu”, interpretado por Pixinguinha, por exemplo, que ele cita mais <strong>de</strong> <strong>uma</strong><br />

<strong>vez</strong> (Andra<strong>de</strong> 1928 e 1999), <strong>de</strong>stacando a rapi<strong>de</strong>z e o virtuosismo do intérprete. A partir da<br />

exuberância instrumental que Mário procura enfatizar, ele aproxima o choro do jazz e do<br />

caráter allegro da música erudita.<br />

Ao falar dos con<strong>junto</strong>s chamados choros, Câmara Cascudo afirma que eles<br />

“tocavam músicas populares comuns, a que <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>ram um traço próprio e <strong>uma</strong><br />

expressão típica” (Câmara Cascudo 2001: 135). Assim ele explica os dois significados da<br />

palavra choro: um con<strong>junto</strong> instrumental cujo repertório aos poucos adquire <strong>uma</strong><br />

“expressão típica” e passa também a ser chamado <strong>de</strong> choro.<br />

Até agora <strong>uma</strong> característica fundamental é apontada: o caráter instrumental. De<br />

fato, ao sintetizar <strong>uma</strong> formação instrumental e em seguida a música a que essa formação<br />

<strong>de</strong>u origem, o choro continua até hoje equilibrando esses significados e, <strong>de</strong>ssa forma, foi<br />

possível a consolidação <strong>de</strong> um repertório <strong>de</strong> música instrumental ao longo <strong>de</strong> várias<br />

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