Tudo isso junto de uma vez só: - teses.musicodobra...
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e) Maracatu<br />
Qual maracatu? Ao falar maracatu, Hermeto se refere ao maracatu nação, ou<br />
maracatu <strong>de</strong> baque virado, pois ele viveu em Recife e teve contato com esse ritmo tanto nas<br />
ruas, durante o carnaval, quanto na rádio on<strong>de</strong> trabalhava, como veremos no capítulo 5. 19<br />
O maracatu <strong>de</strong> baque virado é um cortejo real cuja origem remonta às festas <strong>de</strong><br />
coroação <strong>de</strong> reis negros, durante a instituição do Rei do Congo no Brasil, que data <strong>de</strong> 1662,<br />
segundo Guerra-Peixe (1980). Nessas ocasiões, diversos grupos ou nações concorriam para<br />
celebrar o rei eleito. Se a instituição <strong>de</strong>sapareceu em meados do século XIX, em Recife<br />
permaneceu o auto dos “Congos”, dramatização da antiga coroação. Mas a parte teatral foi<br />
sendo suprimida e o cortejo com as personagens <strong>de</strong>rivou para o maracatu, um folguedo com<br />
música e dança.<br />
No cortejo, <strong>uma</strong> corte é formada: rei, rainha, dama do passo, calunga, catirinas,<br />
brincantes. O baque vai atrás, com suas alfaias, bombos ou zabumbas, xequerês, 20 caixa ou<br />
tarol, gonguê e ganzás. 21 Quem não dança, não toca, quem não toca, não canta, quem não<br />
canta, não brinca... Os movimentos da dança sugerem os movimentos do toque das alfaias.<br />
A polirritmia entre percussão e canto predomina, mas não há que se falar em dificulda<strong>de</strong>s<br />
técnicas. As habilida<strong>de</strong>s se integram na brinca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> rua.<br />
Baque é o nome dado tanto para a orquestra <strong>de</strong> percussão quanto para os diferentes<br />
padrões rítmicos executados, que são inúmeros, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da loa ou toada cantada e do<br />
19<br />
Além <strong>de</strong>sse, existem pelo menos dois outros tipos <strong>de</strong> maracatu, o maracatu <strong>de</strong> baque solto ou maracatu<br />
rural e o maracatu <strong>de</strong> Fortaleza (ver Rocha s.d.).<br />
20<br />
Xequerê é “um chocalho externo feito com <strong>uma</strong> cabaça envolta n<strong>uma</strong> re<strong>de</strong> <strong>de</strong> malhas gran<strong>de</strong>s em cujas<br />
interseções e, eventualmente, em todo o fio da malha, são colocadas sementes” (Frungillo 2003: 389).<br />
21<br />
Gonguê “é o nome da campânula <strong>de</strong> metal cônica, simples ou dupla, com cabo, tocada com baqueta <strong>de</strong><br />
metal ou ma<strong>de</strong>ira” (Frungillo 2003: 141); o ganzá ou mineiro utilizado em alguns maracatus é um chocalho<br />
cilíndrico feito <strong>de</strong> metal.<br />
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