Tudo isso junto de uma vez só: - teses.musicodobra...
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se baseia sobre <strong>uma</strong> estratificação em diferentes níveis <strong>de</strong> articulação, 6 Lévy propõe<br />
agrupar os diversos estratos em três categorias: a “pulsação métrica” (duração mínima <strong>de</strong><br />
um ciclo completo que envolve tempos fortes e fracos), a “pulsação unitária ou<br />
metronômica” (nível <strong>de</strong> subdivisão intermediário) e a “pulsação mínima” (menor valor<br />
rítmico utilizado ou divisão mínima). Para ilustrar essa idéia, po<strong>de</strong>mos imaginar <strong>uma</strong> régua<br />
elástica, cujas divisões seriam as pulsações e as diferentes pulsações <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>riam da régua<br />
estar esticada ou comprimida. O que as assemelha é a configuração <strong>de</strong> um ciclo constante,<br />
seja qual for a articulação percebida.<br />
Mais do que os tipos <strong>de</strong> pulsação <strong>de</strong>stacados, cuja pertinência à rítmica brasileira<br />
mereceria <strong>uma</strong> investigação mais <strong>de</strong>talhada, a idéia da coexistência <strong>de</strong> diferentes níveis <strong>de</strong><br />
pulsações será aqui <strong>de</strong>senvolvida, propondo inclusive outras possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> agrupamento<br />
e articulação. Como afirma Lévy: “os teóricos da psicoacústica estão <strong>de</strong> acordo sobre a<br />
existência <strong>de</strong>sse tecido cognitivo na maior parte das músicas, o que facilita e orienta a<br />
percepção dos ritmos e durações” (Levy 2001: 8, tradução da autora).<br />
Cabe ressaltar que, enquanto os conceitos <strong>de</strong> pulsação expostos por Lévy baseiamse<br />
n<strong>uma</strong> rítmica divisiva, própria da teoria musical clássica européia, o tresillo, ao<br />
contrário, baseia-se n<strong>uma</strong> rítmica aditiva, característica da música africana. 7 No entanto,<br />
para se enten<strong>de</strong>r a rítmica brasileira, é preciso consi<strong>de</strong>rar ambas, a rítmica aditiva e a<br />
divisiva, <strong>uma</strong> <strong>vez</strong> que em nossa música convivem, <strong>de</strong>ntre vários outros elementos, a<br />
contrametricida<strong>de</strong> e o compasso.<br />
Para explicar o paradigma do tresillo Sandroni recorre, por sua <strong>vez</strong>, aos estudos <strong>de</strong><br />
Kolinski, que propõe dois níveis <strong>de</strong> estruturação do ritmo musical, a métrica e o ritmo:<br />
O caráter variado do ritmo po<strong>de</strong> confirmar ou contradizer o fundo métrico, que é constante.<br />
Kolinski cunhou os termos “cometricida<strong>de</strong>” e “contrametricida<strong>de</strong>” para exprimir essas duas<br />
possibilida<strong>de</strong>s. A “metricida<strong>de</strong>” <strong>de</strong> um ritmo seria pois a medida em que ele se aproxima ou<br />
se afasta da métrica subjacente. (Sandroni 2001: 21)<br />
6 Lévy se refere à teoria <strong>de</strong>senvolvida por Fred Lerdahl e Ray Jackendoff em Théorie Generative <strong>de</strong> la<br />
musique tonale (1985).<br />
7 Sobre a diferenciação entre rítmica aditiva e divisiva (A. M. Jones apud Sandroni 2001: 24).<br />
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