Tudo isso junto de uma vez só: - teses.musicodobra...
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Ao sentir falta dos outros instrumentos <strong>de</strong> percussão, Luciano sugere a Radamés<br />
escrever os arranjos <strong>de</strong> samba com a mesma divisão rítmica dos tamborins. Uma música do<br />
maestro em parceria com Perrone, o “Ritmo do samba na cida<strong>de</strong>”, foi <strong>uma</strong> das primeiras<br />
em que Radamés experimentou o procedimento, que <strong>de</strong>pois passou a ser característico <strong>de</strong><br />
seus arranjos e composições.<br />
Assim como Radamés, Hermeto também valorizava um baterista que “não faz ritmo<br />
<strong>de</strong> base simplesmente”, conforme testemunho <strong>de</strong> Nenê:<br />
Quando a gente fazia ritmo, o Hermeto falava: aqui não é baile. Se você for tocar no baile,<br />
você faz assim na bateria. Mas aqui tem que ser <strong>uma</strong> bateria diferente, participando, tem<br />
que sugerir coisas... (Nenê 2005)<br />
“Aqui não é baile”, ou seja, não é ritmo pra se dançar. O compasso não precisa ser<br />
tradicional (<strong>de</strong> 2,3,4 tempos), o ritmo não precisa estabelecer um padrão, o andamento é<br />
livre. Quem se diverte agora não são os dançarinos, são os músicos!<br />
10.4. Siga o chefe<br />
A alternância <strong>de</strong> compassos diferentes, pulsações diversas e a mudança do chão, ou<br />
seja, da referência <strong>de</strong> metricida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>ntre outras características que começamos a <strong>de</strong>scobrir,<br />
também são, mais do que procedimentos composicionais, jogos, maneiras <strong>de</strong> brincar com o<br />
ritmo. Nenê explica <strong>uma</strong> <strong>de</strong>ssas brinca<strong>de</strong>iras, que ele chama <strong>de</strong> “Siga o chefe”:<br />
Intuição, você tem que ter <strong>uma</strong> gama <strong>de</strong> ritmos que você conheça, <strong>de</strong> base. Uma “reserva”<br />
<strong>de</strong> ritmos. E trabalhar com a polirritmia, saber como que você vai fazer. Além <strong>de</strong> entrar em<br />
outra divisão, entra já com um ritmo em outra divisão. [Ele canta um samba, que <strong>de</strong>pois<br />
vira <strong>uma</strong> espécie <strong>de</strong> frevo atravessado.] É <strong>uma</strong> vertente da música do Hermeto, <strong>isso</strong> precisa<br />
ser intuitivo... Quando você conhece um monte <strong>de</strong> ritmos, você enche aquele acento <strong>de</strong><br />
ritmos... Isso po<strong>de</strong> ser qualquer ritmo... Ele tá tocando, se eu fizer <strong>isso</strong>, ele vai naquele<br />
ritmo, <strong>de</strong>pois ele volta. É <strong>uma</strong> coisa intuitiva. Ou então é você que segue ele. É <strong>uma</strong><br />
brinca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> “siga o chefe”. (Nenê 2005)<br />
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