Tudo isso junto de uma vez só: - teses.musicodobra...
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músicas <strong>de</strong> Nazareth e <strong>de</strong> compositores eruditos nacionalistas, <strong>de</strong>ntre outros. No que se<br />
refere à música impressa brasileira do século XIX e início do XX, o tresillo possui alg<strong>uma</strong>s<br />
variantes: a síncope característica , o padrão <strong>de</strong> cavaquinho (e caixeta) nos<br />
choros: e o ritmo <strong>de</strong> habanera ou <strong>de</strong> tango: . Esse con<strong>junto</strong><br />
<strong>de</strong> variantes configura o paradigma do tresillo. 9<br />
Se examinarmos o baião <strong>de</strong> Luiz Gonzaga, por exemplo, à luz do paradigma do<br />
tresillo, veremos que ele está muito mais próximo <strong>de</strong>sse paradigma do que do paradigma do<br />
Estácio, que Sandroni explica como sendo o paradigma do novo estilo <strong>de</strong> samba surgido<br />
nos anos 1930. Aliás, não <strong>só</strong> o baião, mas a maioria dos ritmos que integram o universo do<br />
forró po<strong>de</strong>m ser assim percebidos. Vemos aí mais um aspecto que aproxima o forró dos<br />
primórdios do choro, e tanto o forró quanto o choro da rítmica <strong>de</strong> Hermeto Pascoal, como<br />
veremos em <strong>de</strong>talhes na segunda parte da pesquisa. A “marca contramétrica recorrente na<br />
quarta pulsação” (para usar as palavras <strong>de</strong> Sandroni) é tão recorrente na linguagem musical<br />
<strong>de</strong> Hermeto que tem <strong>uma</strong> <strong>de</strong>nominação própria, chama-se nota “pendurada”: .<br />
A “síncope” é outra figura tão marcante na música <strong>de</strong> Hermeto que é chamada <strong>de</strong><br />
“garfinho”, pela semelhança da figura com um garfo <strong>de</strong> três <strong>de</strong>ntes: . O conceito <strong>de</strong><br />
síncope também permeia nosso trabalho, seja na apreensão da maioria dos ritmos relativos<br />
ao choro e ao forró, seja nas características rítmicas da música <strong>de</strong> Hermeto Pascoal.<br />
Como explica Sandroni, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o século XIX, a síncope aparece como <strong>uma</strong> marca<br />
registrada da música brasileira. Ela aparece também como <strong>uma</strong> característica que <strong>de</strong>fine a<br />
música popular brasileira nos estudos <strong>de</strong> Mário <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>, Andra<strong>de</strong> Muricy e na “Carta<br />
do samba”. 10 Segundo Sandroni, o caráter culturalmente condicionado do conceito <strong>de</strong><br />
síncope foi evi<strong>de</strong>nciado pelos estudos <strong>de</strong> Kolinski. Originalmente, o conceito <strong>de</strong> síncope<br />
refere-se a <strong>uma</strong> quebra da regularida<strong>de</strong>, provocando <strong>uma</strong> contraposição entre ritmo regular<br />
e ritmo sincopado, mas no Brasil, por exemplo, o irregular é justamente o mais<br />
característico, o que evi<strong>de</strong>ncia o paradoxo e a afirmação <strong>de</strong> que “a síncope não é um<br />
conceito universal da música” (Sandroni 2001: 21).<br />
9<br />
Para informações <strong>de</strong>talhadas sobre o tresillo e suas variantes, ver Sandroni 2001: 19-32.<br />
10<br />
Documento redigido ao final do I Congresso Nacional do Samba, em 1962, com o objetivo <strong>de</strong> “preservar as<br />
características tradicionais do samba” (citado por Sandroni 2001).<br />
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