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Tudo isso junto de uma vez só: - teses.musicodobra...

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5. Da roda aos regionais<br />

5.1. O choro faz escola<br />

Não compartilho das lembranças e do saudosismo <strong>de</strong> Alexandre Gonçalves Pinto<br />

nem da nostalgia <strong>de</strong> Tinhorão porque, obviamente, não vivi “naquele tempo”. Procuro<br />

conhecer e reconhecer o choro como <strong>uma</strong> tradição viva, tanto em gravações antigas da Casa<br />

Edison, como em rodas <strong>de</strong> choro, shows e gravações recentes <strong>de</strong> Hermeto Pascoal, Moacir<br />

Santos, Maurício Carrilho, Luciana Rabello, <strong>de</strong>ntre outros. E foi a partir <strong>de</strong>ssas escutas e <strong>de</strong><br />

alg<strong>uma</strong> vivência no meio musical que fui percebendo a importância do choro como <strong>uma</strong><br />

escola <strong>de</strong> instrumentistas. Enten<strong>de</strong>ndo “escola” aqui como o lugar on<strong>de</strong> o aprendizado parte<br />

da convivência, sendo espontâneo e praticamente inevitável.<br />

Essa escola teve seu papel naquela época, fins do século XIX e início do século XX,<br />

quando não havia as escolas <strong>de</strong> música propriamente ditas. Supriam essa lacuna as bandas<br />

das corporações e os con<strong>junto</strong>s e rodas <strong>de</strong> choro, como afirma o próprio Alexandre sobre o<br />

choro <strong>de</strong> um certo Ge<strong>de</strong>ão: “Morava n<strong>uma</strong> pequena casa na Rua Machado Coelho, perto do<br />

Estácio, esta casa era a reunião dos chorões, sendo portanto <strong>uma</strong> gran<strong>de</strong> escola <strong>de</strong><br />

musicistas, on<strong>de</strong> o autor <strong>de</strong>ste livro ia ali beber naquela fonte sua aprendizagem <strong>de</strong> violão e<br />

cavaquinho (Gonçalves Pinto 1936: 17)”<br />

Mais tar<strong>de</strong>, foram os con<strong>junto</strong>s regionais que assumiram o papel <strong>de</strong> formar os<br />

instrumentistas. Nas rádios, os músicos tinham contato com gêneros musicais diversos que<br />

aos poucos iam incorporando ao seu vocabulário musical, com a orientação dos maestros,<br />

compositores e arranjadores ou, como narrado por Hermeto no capítulo 6, apenas assistindo<br />

aos ensaios. Músicos como Jackson do Pan<strong>de</strong>iro, Guerra-Peixe, Radamés Gnatalli, Moacir<br />

Santos, Sivuca, além <strong>de</strong> Luiz Gonzaga e do próprio Hermeto, passaram por essa<br />

experiência, seja como mestres ou pupilos.<br />

Mas as rodas <strong>de</strong> choro não <strong>de</strong>sapareceram, como dá a enten<strong>de</strong>r Tinhorão quando<br />

escreve o capítulo “Como as revistas, o disco e o rádio mataram o choro” (Tinhorão 1997:<br />

121). Um chorão que tocava no regional da rádio ou nas gravações <strong>de</strong> sambas dificilmente<br />

<strong>de</strong>ixa a roda <strong>de</strong> lado. Ainda hoje, a roda é, por excelência, o espaço <strong>de</strong> confraternização dos<br />

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