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Tudo isso junto de uma vez só: - teses.musicodobra...

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O paradigma do tresillo diz respeito à recorrência do padrão rítmico assimétrico que<br />

comporta três articulações e por <strong>isso</strong> teria sido chamado pelos cubanos <strong>de</strong> tresillo [3+3+2].<br />

Sua característica fundamental é a marca contramétrica recorrente na quarta pulsação (ou,<br />

em notação convencional, na quarta semicolcheia) <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> oito, que assim fica<br />

dividido em duas quase-meta<strong>de</strong>s <strong>de</strong>siguais (3+5). É esta marca que o distingue dos padrões<br />

rítmicos que obe<strong>de</strong>cem à teoria clássica oci<strong>de</strong>ntal, para a qual a marca equivalente estaria<br />

não na quarta mas na quinta pulsação (ou seja,no início do segundo tempo <strong>de</strong> um 2/4<br />

convencional e simétrico). (Sandroni 2001: 30)<br />

Ao dizer “sua característica fundamental é a marca contramétrica recorrente na<br />

quarta pulsação”, Sandroni está se referindo à “pulsação mínima”, ou seja, à menor divisão<br />

rítmica empregada que, <strong>de</strong> acordo com os conceitos <strong>de</strong> Levy, seria a subdivisão da<br />

“pulsação unitária ou metronômica”, ou seja, da pulsação intermediária, que em geral<br />

equivale à semínima na música clássica oci<strong>de</strong>ntal.<br />

Sandroni procura aplicar o que ele chama <strong>de</strong> lógica da imparida<strong>de</strong> rítmica 8 a figuras<br />

rítmicas que em geral são encaradas pela lógica do compasso. Ao fazer <strong>isso</strong>, naturalmente,<br />

a unida<strong>de</strong> métrica que vem à tona não é mais a pulsação metronômica, própria dos passos<br />

<strong>de</strong> dança, mas as pulsações mínimas, próprias dos molejos e requebrados...<br />

Ou seja, a subdivisão ξξξξ que permeia a música brasileira passa a ser encarada como<br />

a pulsação <strong>de</strong> referência, e não como subdivisões do padrão simétrico do compasso binário,<br />

dividido em duas partes iguais. Essa abordagem permite refinar a percepção dos ritmos <strong>de</strong><br />

forma a enten<strong>de</strong>r a miscigenação <strong>de</strong> padrões distintos, ou seja, a imparida<strong>de</strong> rítmica própria<br />

da música africana existe na música brasileira, mas <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um agrupamento <strong>de</strong> pulsações<br />

a que os europeus chamam <strong>de</strong> compasso, referente à “pulsação métrica”.<br />

Segundo Sandroni, no Brasil, o tresillo figura em inúmeras partituras, pelo menos<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1856, quando aparece na introdução do lundu “Beijos <strong>de</strong> Fra<strong>de</strong>”, <strong>de</strong> Henrique Alves<br />

<strong>de</strong> Mesquita. O tresillo também consta como um padrão rítmico <strong>de</strong> acompanhamento em<br />

8<br />

Imparida<strong>de</strong> rítmica é um fenômeno recorrente na música africana, no qual, embora o ciclo <strong>de</strong> pulsações seja<br />

um número par e, portanto divisível em duas partes, a articulação dos tempos fortes e fracos não obe<strong>de</strong>ce a<br />

essa simetria, dividindo o ciclo em partes assimétricas, como é o caso do tresillo: 3+3+2 (Simha Arom apud<br />

Sandroni 2001: 24 e 25).<br />

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