Tudo isso junto de uma vez só: - teses.musicodobra...
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10. Rítmica brasileira via Hermeto Pascoal 43<br />
Se juntamos um bombo, dois pratos <strong>de</strong> choque e <strong>uma</strong> caixa-clara temos a base<br />
percussiva <strong>de</strong> <strong>uma</strong> banda <strong>de</strong> pífanos? Sim, mas se todos esses instrumentos estão sendo<br />
tocados por um <strong>só</strong> músico, aí temos <strong>uma</strong> bateria.<br />
Para investigar a linguagem rítmica da música <strong>de</strong> Hermeto, os bateristas Nenê e<br />
Márcio Bahia são referências fundamentais. Foram eles os bateristas que gravaram em<br />
quase todos os discos do grupo <strong>de</strong> Hermeto e trabalharam mais tempo (contratempo,<br />
tercina, síncope) com ele. Nesse capítulo falaremos da concepção rítmica <strong>de</strong> Hermeto sob o<br />
ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong>les.<br />
Inicialmente, ambos <strong>de</strong>stacam o aprendizado dos ritmos brasileiros com Hermeto e,<br />
a partir daí, o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> <strong>uma</strong> linguagem <strong>de</strong> bateria brasileira. Se, num primeiro<br />
momento, Nenê enfatiza a improvisação e as brinca<strong>de</strong>iras rítmicas, Márcio, por sua <strong>vez</strong>, me<br />
mostrou partituras escritas por Hermeto para bateria, <strong>de</strong>ntre as quais ele <strong>de</strong>staca a partitura<br />
da música “Mestre Radamés”, que analisaremos no tópico 10.5.<br />
10.1. Bateria brasileira?<br />
Antes da bateria, Nenê tocou acor<strong>de</strong>om e nesse instrumento conheceu o choro. Mas,<br />
diferentemente <strong>de</strong> Hermeto, Nenê veio do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul e suas referências no<br />
acor<strong>de</strong>om eram bem diferentes das nor<strong>de</strong>stinas. Sua formação na bateria também passava<br />
longe dos ritmos nor<strong>de</strong>stinos, enfatizando a bossa nova e o jazz: “o Hermeto me mostrou<br />
essa parte do Brasil que eu <strong>de</strong>sconhecia, lá no sul ninguém tocava esses ritmos brasileiros<br />
porque achavam que era brega, tocar baião, xote, essas coisas, a moda era tocar jazz” (Nenê<br />
2005).<br />
Ao entrar para o Quarteto Novo, 44 a proposta era radicalmente diferente do que ele<br />
já conhecia, a ponto <strong>de</strong> ser “proibido improvisar como americano” (Nenê 2005). Em 1966,<br />
43<br />
Nome sugerido pelo baterista Márcio Bahia.<br />
44<br />
Antes <strong>de</strong> entrar para o Quarteto Novo, Nenê tocava com José Neto, o irmão <strong>de</strong> Hermeto.<br />
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