Tudo isso junto de uma vez só: - teses.musicodobra...
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Os testemunhos <strong>de</strong> Pernambuco sobre as composições e gravações são<br />
particularmente interessantes. Na gravação <strong>de</strong> “Dolorosa Sauda<strong>de</strong>” ele conta que Abel<br />
colocou um lenço <strong>de</strong>ntro do saxofone para abafar um pouco o som do instrumento. Na<br />
música “Casinha Pequenina” ele diz que fez um arranjo “em quatro ritmos” e <strong>de</strong>staca o<br />
“jogo <strong>de</strong> fole <strong>de</strong> Sivuca” que ensinou ao acor<strong>de</strong>onista Caçulinha. “Maria das Dores” ele<br />
classifica como <strong>uma</strong> “valsa para coreto”. O compositor da valsa “Sulimar”, Manoel Gomes,<br />
é o Escurinho da flauta, também chamado <strong>de</strong> Manezinho ou Manuelzinho, companheiro<br />
inseparável <strong>de</strong> Pernambuco e, a partir <strong>de</strong> então, também <strong>de</strong> Hermeto. É <strong>de</strong>le que Hermeto<br />
está falando quando diz: “... e um dos melhores flautistas <strong>de</strong> todos os tempos que se chama<br />
Manuelzinho da flauta” (Pascoal 2000: 405).<br />
Pernambuco conta que Hermeto sempre estudava antes dos ensaios, muitas <strong>vez</strong>es<br />
<strong>junto</strong> com o Escurinho. No choro “Dinorah” (“Flor <strong>de</strong> liz”, para sermos justos), por<br />
exemplo, o entrosamento entre os dois solistas principais é impressionante (faixa 3, CD em<br />
anexo). Na introdução, um pan<strong>de</strong>iro e <strong>uma</strong> caixeta. Escurinho e Hermeto re<strong>vez</strong>am-se entre<br />
as partes do choro; o fraseado <strong>de</strong>les vai muito além da partitura. O pan<strong>de</strong>iro <strong>de</strong> Pernambuco<br />
faz <strong>uma</strong> cadência antes da parte A final, Hermeto entra solando em seguida, <strong>de</strong>sdobrando a<br />
melodia e, no último tema, eles fazem o que Pernambuco chama <strong>de</strong> “zigue-zague”:<br />
Hermeto faz a melodia e Escurinho faz o eco. Escutando a música, Pernambuco conclui:<br />
“nós não fazíamos choro quadrado” (Pernambuco 2006).<br />
b) Batucando no morro<br />
A marca registrada do regional <strong>de</strong> Pernambuco do Pan<strong>de</strong>iro não po<strong>de</strong>ria <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong><br />
ser o naipe <strong>de</strong> percussão: “regional <strong>de</strong> pan<strong>de</strong>irista!” (Pernambuco 2006). Os arranjos não<br />
<strong>de</strong>ixam por menos: tem caixeta, surdo, ganzá, reco-reco, tamborim, solo <strong>de</strong> cuíca, <strong>de</strong><br />
pan<strong>de</strong>iro... E no meio da batucada, Hermeto Pascoal e Escurinho fraseando as melodias e<br />
improvisando.<br />
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