Tudo isso junto de uma vez só: - teses.musicodobra...
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Márcio, Hermeto passou a escrever os ritmos que pensava para a bateria, tomando esta<br />
como o que ela é <strong>de</strong> fato: um set organizado <strong>de</strong> instrumentos <strong>de</strong> percussão. O que ele já<br />
havia <strong>de</strong>senvolvido com Nenê, ou seja, <strong>uma</strong> linguagem <strong>de</strong> bateria que extrapola os padrões<br />
<strong>de</strong> base, ele passou a registrar em papel.<br />
A partir <strong>de</strong> então, Hermeto passou também a escrever peças para grupo <strong>de</strong><br />
percussão, como a “Música para caçarolas”, para panelas cheias <strong>de</strong> arroz, sementes e<br />
contas; ou a “Queputamancada”, para tamancos <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> tamanhos diferentes; e a<br />
“Entrando pelo cano”, para tubos <strong>de</strong> metal afinados. Nessa última, os tubos realizam <strong>uma</strong><br />
melodia no modo lídio, com a harmonia sendo tocada em ostinatos nos tubos graves. Quem<br />
toca as peças é o próprio grupo, assumindo a faceta multi-instrumentista do compositor.<br />
De um lado, a experiência <strong>de</strong> Márcio na música <strong>de</strong> concerto, <strong>de</strong> outro, a<br />
inventivida<strong>de</strong> rítmica <strong>de</strong> Hermeto. Essa combinação <strong>de</strong>u origem a partituras para bateria e<br />
percussão que valorizam a sonorida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada tambor, <strong>de</strong> cada prato, além <strong>de</strong> incorporar<br />
outros instrumentos, convencionais ou não.<br />
Particularmente na música “Mestre Radamés”, Hermeto registra em partitura muitas<br />
das características rítmicas que vimos permear sua música. Essa “partitura-<strong>de</strong>senho”<br />
merece ser investigada. Aqui a bateria <strong>de</strong> fato não é apenas um instrumento <strong>de</strong> base. Além<br />
<strong>de</strong> realizar frases (melodias <strong>de</strong> timbre) a todo momento, ela conduz a polirritmia entre<br />
baixo e piano. Explicando melhor: enquanto o baixo toca <strong>junto</strong> com os tambores graves da<br />
bateria, o piano segue os tambores agudos. Paralelamente a todo esse movimento,<br />
transcorre <strong>uma</strong> melodia ligada e constante. Nesse caso, a melodia é que dá a referência<br />
rítmica para bateria, baixo e piano “quebrarem tudo”, a melodia <strong>de</strong> pulsação constante<br />
assume o papel <strong>de</strong> base.<br />
Para seguir a partitura e participar da música, é preciso escutar cada pulsação<br />
unitária da melodia em relação ao que acontece na bateria, conforme a legenda dos timbres:<br />
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