Tudo isso junto de uma vez só: - teses.musicodobra...
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Lá em São Paulo tem a Banda <strong>de</strong> Caruaru, <strong>uma</strong> <strong>vez</strong> fui a <strong>uma</strong> festa que eles estavam<br />
tocando, foi no Brás, chegou lá, tinha falecido o pai <strong>de</strong>les e o cara chegou disse que estava<br />
com o pife do pai <strong>de</strong>le e me pediu pra dar <strong>uma</strong> canja, tocou a que eu conhecia mais que era a<br />
do cachorro com a onça, foi bonito, eu toquei, parecia que tinha ensaiado com eles...<br />
(Pascoal 2005)<br />
Em outra ocasião, chamou os irmãos Aniceto, do Ceará, para <strong>uma</strong> participação em<br />
seu show, sobre esse epi<strong>só</strong>dio, ele diz:<br />
Eu chamei o grupo pra dar <strong>uma</strong> canja, e disse: “vocês tocam o que quiserem”, eu tava com o<br />
DX7 (teclado) e disse pro meu grupo: “eu vou harmonizar mo<strong>de</strong>rno em cima do zabumbeiro<br />
e o velhinho vai olhar pra trás feliz, achando que coisa bonita, que coisa linda”. Aí tocaram<br />
justamente essa “A briga do cachorro com a onça” que é o hino nacional do zabumbeiro...<br />
Aí tocaram e quando eu fui entrar, o cara olhou pra trás... Eu toquei como se tivesse tocando<br />
com o [meu] grupo, foi um sucesso tão gran<strong>de</strong>... (Pascoal 2005)<br />
Nessas apresentações, a improvisação é um elemento criativo compartilhado pelas<br />
bandas <strong>de</strong> pífanos e por Hermeto. Juntos, eles transformam o palco em um espaço <strong>de</strong><br />
interação espontânea, semelhante à que ocorre nas festas <strong>de</strong> rua.<br />
Além da improvisação constante, outra faceta criativa das bandas <strong>de</strong> pífano são as<br />
brinca<strong>de</strong>iras. É comum as músicas imitarem sons da natureza, sons <strong>de</strong> animais ou mesmo<br />
da cida<strong>de</strong>. Há um caso interessante narrado por Sebastião Biano, pifeiro e compositor da<br />
Banda <strong>de</strong> Pífanos <strong>de</strong> Caruaru, em conversa informal com a autora. Ao falar da pipoca,<br />
gênero musical próprio das bandas <strong>de</strong> pífano, Biano diz que criou músicas chamadas<br />
pipocas escutando o estalar do milho quando sua mãe fazia pipocas. Mais tar<strong>de</strong>, ficou<br />
curioso ao ver um tipo <strong>de</strong> pipoca industrializado e foi até a fábrica conferir como era feita.<br />
A partir <strong>de</strong>ssa escuta, teria inventado a “Pipoca Mo<strong>de</strong>rna” (célebre música gravada pela<br />
Banda <strong>de</strong> Pífanos <strong>de</strong> Caruaru no disco Expresso 2222 <strong>de</strong> Gilberto Gil). Pelo menos <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
essa composição, Sebastião Biano já problematizou a diferença entre música popular e<br />
folclórica.<br />
Assim como as pipocas, em que os percussionistas tocam um ritmo nos aros dos<br />
instrumentos imitando as pipocas estalando, há também os caborés, em que os pifes imitam<br />
o som das corujinhas chamadas caborés. Mas a brinca<strong>de</strong>ira mais difundida é sem dúvida a<br />
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