Tudo isso junto de uma vez só: - teses.musicodobra...
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fizeram dos regionais a instrumentação musical i<strong>de</strong>al para a radiofonia brasileira, ainda em<br />
formação. (Prata 2005)<br />
Mas a profissionalização dos músicos nas rádios não se resumia à atuação nos<br />
regionais, havia também as orquestras, na qual, além <strong>de</strong> músicos dos mais variados<br />
instrumentos, havia trabalho também para os maestros e arranjadores. As primeiras<br />
experiências do maestro Radamés Gnattali como arranjador, ao lado <strong>de</strong> Pixinguinha e<br />
outros, datam <strong>de</strong> 1930, época da inauguração da Rádio Transm<strong>isso</strong>ra, que era da gravadora<br />
Victor.<br />
Pixinguinha trabalhava mais com arranjos carnavalescos, que eram o seu forte, ficando a<br />
parte romântica comigo e outros maestros. Na orquestra Guarda-Velha, eu era o pianista e<br />
Pixinguinha o arranjador. Nas músicas românticas, nos sambas canções, nas gravações <strong>de</strong><br />
Orlando Silva, eu era o arranjador e Pixinguinha o flautista. (Barbosa e Devos 1985: 34)<br />
Enquanto, no Rio <strong>de</strong> Janeiro, Radamés <strong>de</strong>senvolvia formas <strong>de</strong> transpor a rítmica do<br />
regional para a orquestra, adaptando as “baixarias” e os bordões do sete cordas para os<br />
baixos e cellos, os violinos e violas assumindo as funções do cavaquinho e até dos<br />
tamborins, no Recife, a rádio Jornal do Comércio, em ascensão, abria espaço para as<br />
experimentações <strong>de</strong> outro importante maestro-arranjador: Guerra-Peixe.<br />
Estive observando as Socieda<strong>de</strong>s Carnavalescas. Tomei nota <strong>de</strong> muita coisa do maracatu,<br />
principalmente. É difícil escrever esse negócio. Quase fiquei dôido!!! Mas consegui alg<strong>uma</strong><br />
coisa e até já tive oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> experimentar na orquestra da rádio. A não ser o<br />
Radamés, eu duvido que algum músico que viva pelo sul seja capaz <strong>de</strong> escrever estes<br />
ritmos. (Guerra-Peixe a Curt Lange, 12 <strong>de</strong> março, 1950)<br />
Nesse mesmo ano, 1950, Hermeto Pascoal é convidado por Sivuca a integrar o<br />
regional da rádio Jornal do Comércio, juntamente com seu irmão, José Neto. Já nesse<br />
primeiro emprego formal como músico, o sanfoneiro estava muito atento aos sons e<br />
acontecimentos à sua volta: “em Recife, eu tinha 15 anos. Lá conheci as cirandas, os<br />
maracatus. Nas próprias orquestras das rádios tocava-se muito esses ritmos. Lá trabalhava o<br />
maestro Guerra-Peixe, um excelente arranjador que fazia muita pesquisa folclórica”<br />
(Pascoal 2006).<br />
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