Tudo isso junto de uma vez só: - teses.musicodobra...
Tudo isso junto de uma vez só: - teses.musicodobra...
Tudo isso junto de uma vez só: - teses.musicodobra...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
8. Hermeto do choro ao forró<br />
8.1. Pernambuco do Pan<strong>de</strong>iro<br />
Pernambuco do Pan<strong>de</strong>iro é um capítulo à parte. Des<strong>de</strong> que comecei a pesquisar a<br />
história <strong>de</strong> Hermeto no choro, aparecia esse nome – Pernambuco do Pan<strong>de</strong>iro – como <strong>uma</strong><br />
referência importante, quase <strong>uma</strong> lenda. No seu rastro, surgiam informações<br />
<strong>de</strong>sencontradas sobre o disco Batucando no morro, <strong>uma</strong> rarida<strong>de</strong>. Até que (surpresa)<br />
<strong>de</strong>scobri que Pernambuco do Pan<strong>de</strong>iro não é apenas <strong>uma</strong> lenda, mas <strong>uma</strong> lenda viva! E que<br />
mora em Uberaba, nem tão longe <strong>de</strong> Belo Horizonte. Fui então procurá-lo.<br />
Pernambuco do Pan<strong>de</strong>iro, hoje com 81 anos, é um senhor cheio <strong>de</strong> carisma e<br />
energia, que toca pan<strong>de</strong>iro com a proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> quem fez história no rádio brasileiro. Sem<br />
querer, <strong>de</strong>scobri, logo ali em Uberaba, um mestre da escola <strong>de</strong> pan<strong>de</strong>iro do choro carioca.<br />
Seu espírito brincalhão, comunicativo lembrou-me logo Hermeto.<br />
Já na sala <strong>de</strong> visitas <strong>de</strong> sua casa, as pare<strong>de</strong>s repletas <strong>de</strong> fotos revelam <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a<br />
história do rádio brasileiro até a criação do Clube do Choro em Brasília, do qual ele é um<br />
dos fundadores. São fotos e mais fotos, Pernambuco participando <strong>de</strong> várias gerações da<br />
música brasileira: com Waldir Azevedo, Luiz Gonzaga, Carmélia Alves, Carmem Miranda,<br />
Abel Ferreira, Paulo Moura, Claudionor Cruz. Dentre estes e tantos outros, <strong>de</strong>staca-se <strong>uma</strong><br />
gran<strong>de</strong> foto com três barbudos <strong>de</strong> cabelo branco: Pernambuco, Sivuca e Hermeto. A cada<br />
história que ele contava eu não sabia mais se Pernambuco estava me fazendo <strong>de</strong>scobrir<br />
Hermeto Pascoal ou se era o Hermeto que me fazia <strong>de</strong>scobrir esse outro personagem da<br />
música brasileira.<br />
Pernambuco, ou melhor, Inácio Pinheiro Sobrinho, nasceu em Gravatá, interior <strong>de</strong><br />
Pernambuco, mas foi criado na Paraíba, na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Lagoa da Roça <strong>de</strong> São Sebastião. Em<br />
1936, quando Hermeto ainda estava nascendo lá em Alagoas, Pernambuco, com 12 anos,<br />
mudava-se com a família para o Rio <strong>de</strong> Janeiro. Trabalhava como engraxate, tocava<br />
cavaquinho, mas logo interessou-se pelo pan<strong>de</strong>iro, com o qual, além <strong>de</strong> tocar, fazia<br />
malabares. Morou no morro <strong>de</strong> São Carlos. Na Lapa teve contato constante com a boemia<br />
musical da cida<strong>de</strong>. Conheceu um grupo <strong>de</strong> chorões que tocava na casa do Professor<br />
Wal<strong>de</strong>mar, “<strong>uma</strong> casa da maior freqüência <strong>de</strong> choristas, a casa do compadre <strong>de</strong> Pixinguinha<br />
95