Tudo isso junto de uma vez só: - teses.musicodobra...
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Carlos Sandroni distingue entre samba e choro no começo do século XX, sendo o<br />
primeiro <strong>uma</strong> dança <strong>de</strong> par separado e o segundo <strong>de</strong> par enlaçado. Essa relação permeia<br />
também a distinção entre baile e samba, que aparece num <strong>de</strong>poimento <strong>de</strong> Pixinguinha: “Em<br />
casa <strong>de</strong> preto, a festa era na base do choro e do samba. N<strong>uma</strong> festa <strong>de</strong> pretos havia o baile<br />
mais civilizado na sala <strong>de</strong> visitas, o samba na sala do fundo e a batucada no terreiro” (apud<br />
Sandroni 2001: 102, 103). Logo, baile, além <strong>de</strong> ser um sinônimo para forró, é também para<br />
choro, um “baile mais civilizado”, no dizer do próprio Pixinguinha, no qual as danças eram<br />
<strong>de</strong> par enlaçado (Sandroni 2001).<br />
Dominique Dreyfus, biógrafa <strong>de</strong> Luiz Gonzaga, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>:<br />
A palavra “forró”, segundo a época em que é empregada, não tem exatamente o mesmo<br />
significado. Da mesma forma que a palavra “samba”, a palavra “forró” foi evoluindo no<br />
<strong>de</strong>correr do século. Até os anos 50, forró significa baile; <strong>de</strong>pois passa a <strong>de</strong>signar o con<strong>junto</strong><br />
da música do nor<strong>de</strong>ste. Hoje em dia, forró é um gênero musical. Nor<strong>de</strong>stino, claro.<br />
(Dreyfus 1997: 198)<br />
Então, para começo <strong>de</strong> conversa, estamos falando aqui <strong>de</strong> bailes populares<br />
brasileiros, choros e forrós, bailes on<strong>de</strong> passaram vários gêneros que hoje conhecemos<br />
pelas generalizações <strong>de</strong> choro ou forró, e n<strong>isso</strong> ambos se assemelham, mas estamos falando<br />
também <strong>de</strong> formações instrumentais distintas. Em geral, nos estudos sobre a música<br />
brasileira, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>-se <strong>uma</strong> suposta linearida<strong>de</strong> dos conceitos e dos gêneros musicais, como<br />
se um fosse evoluindo e suplantando o outro. Esta linearida<strong>de</strong> não se sustenta. Seria mais<br />
interessante assumir a coexistência <strong>de</strong> sentidos diferentes n<strong>uma</strong> mesma palavra, <strong>de</strong> aspectos<br />
musicais diversos sob <strong>uma</strong> mesma <strong>de</strong>nominação ou ainda <strong>de</strong> conceitos aparentemente<br />
distintos que acabam por revelar semelhanças.<br />
Por exemplo, agora, em 2006, no Brasil, coexistem rodas <strong>de</strong> choro em Belo<br />
Horizonte, casas <strong>de</strong> forró, <strong>uma</strong> escola <strong>de</strong> choro no Rio <strong>de</strong> Janeiro e bandas <strong>de</strong> pífano no<br />
interior <strong>de</strong> Pernambuco. Ao mesmo tempo em que estão sendo tocados schottischs (um dos<br />
gêneros da família do choro), antigos ou recém-compostos, nas rodas e na escola <strong>de</strong> choro,<br />
também estão sendo tocados xotes nos forrós e pelas bandas <strong>de</strong> pífano. A palavra xote é um<br />
abrasileiramento da palavra schottisch (logo veremos o que acontece com o ritmo). Mas<br />
<strong>uma</strong> coisa é certa, para o xote existir, o schottisch não <strong>de</strong>sapareceu, e, mesmo que tivesse<br />
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