Tudo isso junto de uma vez só: - teses.musicodobra...
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O Hermeto não tem som <strong>de</strong> flautista, como não tem som <strong>de</strong> pianista, <strong>de</strong> saxofonista, mas<br />
ele tem som <strong>de</strong> Hermeto em tudo. Qualquer coisa que ele toca, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a flauta até a<br />
chaleira, tem um som hermético, vamos dizer assim,e esse som a gente i<strong>de</strong>ntifica. Ele<br />
molda a música com a intenção <strong>de</strong>le. (Rodrigues 2006)<br />
E a intenção <strong>de</strong>le é sempre criativa, ou seja, misturar, experimentar, transformando<br />
processos <strong>de</strong> composição em jogos e brinca<strong>de</strong>iras, ou vice-versa. Ao focalizar a rítmica<br />
brasileira <strong>de</strong>senvolvida por Hermeto, foi possível i<strong>de</strong>ntificar alguns procedimentos:<br />
• a multiplicação <strong>de</strong> pulsações - binárias, ternárias, quaternárias – que são<br />
constantemente dobradas e <strong>de</strong>sdobradas, ou seja, <strong>uma</strong> mesma levada rítmica po<strong>de</strong><br />
aparecer em diferentes andamentos;<br />
• a sobreposição <strong>de</strong> pulsações pares e ímpares como um recurso <strong>de</strong> polirritmia, 3x2<br />
ou 3x4; a adição <strong>de</strong> pulsações pares e ímpares transformando a métrica tradicional,<br />
3+2, 3+4;<br />
• a mistura <strong>de</strong> células rítmicas dos ritmos tradicionais;<br />
• <strong>de</strong>nominações próprias para as figuras rítmicas mais recorrentes: o “garfinho”, as<br />
“pontuadas” e as “penduradas”;<br />
• a mudança <strong>de</strong> chão, ou seja, a referência métrica torna-se relativa, principalmente<br />
com o recurso das pontuadas, provocando modulações métricas;<br />
• a criação <strong>de</strong> melodias <strong>de</strong> timbre, enten<strong>de</strong>ndo a bateria como um set <strong>de</strong> instrumentos<br />
<strong>de</strong> percussão e esses, por sua <strong>vez</strong>, como instrumentos rítmico-melódicos;<br />
• a criação <strong>de</strong> frases ou ostinatos rítmico-melódicos que atravessam a música,<br />
<strong>de</strong>slocando a pulsação.<br />
Todas as características <strong>de</strong>stacadas po<strong>de</strong>m aparecer tanto em composições escritas,<br />
como vimos na análise da música “Mestre Radamés”, quanto em improvisações livres,<br />
como foi <strong>de</strong>scrito pelo baterista Nenê. Mais do que características da música <strong>de</strong> Hermeto,<br />
esses procedimentos já constituem <strong>uma</strong> linguagem musical <strong>de</strong>senvolvida por ele e praticada<br />
pelos músicos que tocam e tocaram na Escola Jabour. Dentre eles, <strong>de</strong>staca-se o trabalho<br />
educativo <strong>de</strong>senvolvido pelo baixista Itiberê Zwarg.<br />
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