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Genismo - Stoa

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lembrar que os sentimentos são disparados de acordo com os sinais<br />

recebidos internamente ou externamente, e então são analisados de<br />

acordo com a nossa meta interna e assim teremos a chave para a<br />

resposta. A meta interna de todo organismo que evoluiu<br />

darwinianamente é a perpetuação genética. Mas a perpetuação<br />

genética é conseguida por uma miríade de formas. Algumas destas<br />

formas podem ser modeladas pela cultura local e até mesmo por<br />

modismos passageiros. Explico: suponha, por exemplo, que por<br />

influência de um modismo qualquer, como andar com um<br />

determinado corte de cabelo, ou ostentar um tacape com “aquela”<br />

madeira especial, seja considerado “fashion”, algo legal, da moda.<br />

Isso significa que nessa cultura local conseguir este objetivo fará<br />

com que seu portador seja considerado, no mínimo: 1-Capaz de<br />

“pagar” por um corte ou objeto como este, e portanto, com certa<br />

capacidade extra de sobrevivência. 2- Um indivíduo social,<br />

observador, não alienado, “plugado” nos acontecimentos de seu<br />

mundo local. 3- Alguém que quer participar ser benquisto por seu<br />

grupo e estar integrado à sua sociedade. Isso faz com que,<br />

independentemente da época ou de qual seja o modismo, os<br />

sentimentos de busca por status sejam ativados, já que tais atributos<br />

tendem a ser benéficos ao seu portador. O objeto do desejo pode<br />

mudar conforme a época e a cultura local, desde um tacape forrado<br />

com pele de cobra naja até um moderno celular com câmera digital,<br />

mas os sentimentos e os motivos genéticos associados a essas<br />

culturas permanecem os mesmos.<br />

Podemos então concluir que a meta interna do organismo pode ser,<br />

de certa forma, modulada pela meta cultural. Se a meta cultural não<br />

for “evolutivamente estável”, a tendência é que não dure muito<br />

tempo em termos de cultura de longo prazo, e, mais do que isso, se<br />

a meta contrariam o imperativo “gene-perpetuativo” do organismo,<br />

ela deverá também contribuir para uma queda na felicidade média<br />

de seu povo (causar sofrimento) antes de finalmente desaparecer.<br />

Acredito que seja este o caso do modismo que eu denominei<br />

“vm2f” (“vírus-meme-dos-dois-filhos”). O “vm2f” faz com que seu<br />

portador, independentemente da renda do casal, não queira, sob<br />

hipótese alguma, ter mais do que dois filhos. Ter mais que dois<br />

filhos, segundo esse modismo atual, é considerado algo<br />

ultrapassado, arcaico, obsoleto, fora de moda, “coisa de pobre”, de<br />

pessoas sem cultura. Tal modismo, além de não ser evolutivamente<br />

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