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Genismo - Stoa

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ser humano só possuiria direitos depois que nascesse. Na época que<br />

escrevo este texto (2007), parece-me que a questão ficou centrada<br />

no fator “tempo decorrido”: o tempo, a partir do momento da<br />

fertilização, que deveria decorrer para que um embrião pudesse ser<br />

considerado um ser humano. Nesta “solução”, a partir de um<br />

determinado tempo “X” contado a partir da fecundação do embrião,<br />

seria considerado crime sua utilização para experiências cientificas,<br />

e antes deste tempo “X” não, e o embrião poderia ser utilizado para<br />

pesquisas.<br />

O primeiro erro das pessoas que argumentam em prol da vida<br />

humana, como se esta fosse uma espécie de tabu, uma inviolável<br />

“sacralidade”, (e que em geral são os mesmos que rejeitam o<br />

utilitarismo em prol de alguma ética dogmática, como, por exemplo,<br />

a ética religiosa), pode ser facilmente refutado por uma experiência<br />

mental hipotética: suponha que um “homem bomba” maluco faça<br />

você, ou outra pessoa qualquer, ter de escolher entre duas opções,<br />

ou você aperta um gatilho e mata uma pessoa inocente qualquer ou<br />

então, se não o fizer, ele mesmo aperta outro botão e explode uma<br />

escola matando 300 crianças. O que você escolheria? Você mataria<br />

a pessoa ou, por “omissão”, escolheria que 300 crianças fossem<br />

mortas? Éticas não utilitaristas têm grandes dificuldades em lidar<br />

com problemas deste tipo. O Utilitarismo resolve isso com<br />

facilidade: aperta-se o gatilho e evita-se o mal maior, salvando 300<br />

crianças inocentes da morte certa. A opção da omissão é uma<br />

solução, no mínimo, idiota. (A omissão também é uma escolha, e<br />

traz as mesmas responsabilidades que uma ação ativa). Que opção<br />

você, leitor, escolheria? Agora vem a pergunta: onde foi parar a<br />

“sacralidade” da vida humana se você mesmo acabou de “matar”<br />

uma pessoa inocente? A resposta, em relação à utilização de<br />

embriões para fornecimento de células-tronco para pesquisa é a<br />

mesma de nosso exemplo hipotético: o sacrifício de alguns<br />

embriões pode ser o mal menor em relação ao malefício que isso<br />

acarretaria às milhares ou talvez milhões de pessoas que não<br />

poderiam ser beneficiadas de uma cura e que, sem esta cura, teriam<br />

de passar o resto de suas vidas em cadeiras de rodas, ou que,<br />

provavelmente, morreriam numa fila de transplantes porque a<br />

ciência não pôde progredir.<br />

Mas, calma! Será que não estamos esquecendo de nada? Sim.<br />

Novamente esquecemos de computar a felicidade perdida dos<br />

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