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Genismo - Stoa

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Atualmente, sabemos que nem Hobbes nem Rousseau tinham<br />

toda razão (Rousseau menos ainda), pois o homem é uma colônia de<br />

genes muito complexa e nem sempre coerente. É fato que os genes<br />

são intrinsecamente egoístas, mas o egoísmo genético pode levar ao<br />

altruísmo comportamental! Quando uma mãe arrisca sua vida para<br />

salvar ou defender seu filhote em perigo, ela está sendo de certa<br />

forma altruísta embora geneticamente este altruísmo se deva ao<br />

egoísmo de seus genes que, via instintos, querem a preservação de<br />

seus genes, independentemente do destino do corpo que o carrega.<br />

Além disso, como veremos no próximo capítulo, o egoísmo<br />

genético pode fazer prosperar regras de convívio social que podem<br />

ser vistas, sob todos os aspectos, como comportamento altruísta.<br />

Poderíamos nos perguntar até que ponto o egoísmo genético<br />

poderia prosperar, ou melhor: haveria limites para o egoísmo<br />

genético?<br />

Felizmente, creio que sim. Vou defender esta minha crença<br />

com um pequeno exemplo. Suponha que numa espécie hipotética de<br />

pássaros os pais tenham uma média de, por exemplo, quatro filhotes<br />

por ninhada (a seleção natural adequa o tamanho médio da ninhada<br />

ao limite da capacidade dos pais de nutri-los). Suponha que nasça<br />

um filhote mutante que tenha um gene que o instigue a empurrar<br />

todos os seus irmãozinhos de ninhada para fora do ninho, matandoos,<br />

de modo a só restar ele próprio. Este gene teria, inicialmente,<br />

alta probabilidade de se espalhar pela espécie, pois sempre faria<br />

com que seu hospedeiro fosse bem alimentado, garantindo a sua<br />

sobrevivência à custa dos demais irmãos. Em pouco tempo seria de<br />

se esperar que todos os pássaros da espécie possuíssem o gene<br />

assassino.<br />

Mas, se analisarmos um pouco mais cuidadosamente, veremos<br />

que este gene também sofre uma "pressão seletiva" desfavorável em<br />

relação ao seu alelo não assassino. Note que se este gene assassino<br />

se espalhasse de modo que quase toda a população o tivesse, ele<br />

estaria desfavorecendo a si próprio, pois seus irmãos provavelmente<br />

o teriam herdado também e, ao empurrar os irmãos ninho abaixo, o<br />

gene estaria eliminando a si próprio, enquanto seu concorrente, o<br />

outro alelo não assassino, poderia permitir que seus quatro irmãos<br />

crescessem e espalhassem seus genes não assassinos quatro vezes<br />

mais rapidamente.<br />

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