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presidente! Ele hoje está no exílio, em Fernando de Noronha, mas eu vou até o fim!"<br />

Pensei em Collor olhando as gaivotas com seu perfil de Napoleão. "Você está<br />

perdido PC, entregue-se!" gritou o Mário Covas pelo megafone. A seu lado, com olhar<br />

puro, Quércia vazava luz como um santo de vitral. "Você é um tolo!" respondeu PC de<br />

seu palacete. O luar recortava a parabólica branca contra o céu, dando ao cenário um<br />

clima de futuro. "Você é um idiota, Covas... vocês serão usados pelos normalistas."<br />

Quércia empalideceu. A voz de PC num alto-falante eletrônico era digital e lunar. "Só<br />

eu fiz o Brasil inteiro conhecer a verdade!... Os corruptos clássicos querem me<br />

destruir... Eles querem a normalização das instituições... Querem é a volta ao dia-a-dia<br />

do roubo pequeno, dos lobbies bem-feitos! Eu criei a 'corrupa' épica! Eles querem a<br />

normalidade... o país nunca foi normal!"<br />

O general Agenor (estranho ele ali) gritou no ar: "Está entrando aí um repórter<br />

da Folha; quer lhe ajudar!..."<br />

"Só como refém!" gritou PC.<br />

Acenei ao general e acendendo outro cigarro entrei, com um frio no peito.<br />

Deslizei portão adentro, atravessei os fachos azuis da polícia, e pensei: "O perigo é<br />

mesmo a normalização. PC em tantos meses de CPI foi nos fazendo descobrir o Brasil.<br />

O Brasil está surgindo da lama como um corpo recuperado. A informação está ficando<br />

demais para o país, que agora quer silenciá-lo. Em todos os rincões da trama das classes<br />

dominantes está uma nota fiscal da EPC, uma rota de jatinho, um indício... PC a tudo<br />

desnuda com seu emaranhado de erros propositais. É necessário que sua obra continue<br />

aberta, provocando entendimento", pensei.<br />

Um ruído de metralha me fez correr. Afundei por um labirinto de paredes de<br />

mármores falsos, lustres de cristal (queria ele também uma nova arte?). Chego ao quarto<br />

blindado de aço escovado. PC já me vira. De seus olhos saía uma luz de selvagem<br />

euforia: "Venha, venha ver o mapa que criei! O mapa do Brasil!"<br />

PC sangrava. Uma bala pegara-lhe o braço, apertado num torniquete. Na mão<br />

esquerda uma submetralhadora de Israel (dera-lhe Odebrecht, que agora o renegava lá<br />

fora) e um papel branco com desenhos manchados de sangue. PC estava ferido, mas<br />

brilhava numa luz de heroísmo.<br />

"Aqui está o novo mapa do Brasil!" Olhei o papel sangrento. Com a ponta da<br />

Uzi ele me mostrou: "Aqui está a burguesia rural! Veja, quem mostrou melhor o que são<br />

os usineiros do Nordeste, como são seus negócios? Quem desvendou a elite nordestina<br />

voraz? Quem? Gilberto Freyre? Não! Eu! Quem desvendou isto aqui (apontava-me um

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