14.05.2013 Views

Download - Xtecnologias

Download - Xtecnologias

Download - Xtecnologias

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Os críticos inteligentes<br />

A densidade não alusiva de Nelson precisa de um estudo novo. Ele não é para<br />

ser visto como um ignorante de talento como tendem a pensar vários críticos e diretores<br />

de teatro. Nelson não é para se fazer pacotes, pot-pourris interpretativos de suas peças.<br />

Nelson não é pretexto para diretor inteligente se expressar. Nelson é o homem mais<br />

visionário e inteligente que conheci. A realidade doía em seus olhos.<br />

Nelson continua em estado de graça, esperando uma análise de sua obra. O que<br />

foi feito até agora se fez com a ajuda de conceitos externos ao mundo que ele<br />

materializou. Apelar para a psicanálise, lingüísticas, não explica o misterioso do que<br />

Nelson fez. Primeiro, se precisava fazer uma catalogação fenomenológica de seus<br />

inventos, para depois se explicar como este homem de subúrbio inventou o teatro do<br />

absurdo em 1940, com A mulher sem pecado prefigurando Fim de jogo de Beckett,<br />

Pinter e Bunuel, e colocou o deslizamento do significante no palco do Municipal em<br />

1943, antes de Lacan.<br />

"Me dá uma empadinha e um café bem carioquinha (fraco). Me dá um cigarro<br />

aí." "Não fuma, Nelson..." Nelson não responde. "Me dá uma água mineral", diz<br />

radiante.<br />

Sinto que ele executa um ritual carioca à minha frente. "Água linda", diz ele,<br />

olhando o copo transparente.<br />

E naquele copo ia muito mais que a água. Nelson meditava em cada detalhe do<br />

real. Nelson via através de três universos.<br />

Depois Nelson morreu e parou de telefonar. Mas até hoje continuo<br />

conversando com ele.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!