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ealidades dos outros que nos tomam. Não importamos nada. E à força de tanto falir,<br />

faremos fortuna.<br />

A resistência que temos hoje em dia em adotar a cartilha neoliberal talvez<br />

deixe no fundo do tacho a água de barrela do que devemos fazer, já que eu não falo de<br />

identidade, mas de programa. O mineirismo desconfiado de Itamar Franco e de Paulo<br />

Haddad talvez filtre o delírio da década atual e deixe só o que interessa a nós. Não acho<br />

que isso seja mim; é nosso destino de barrocos enganados. Sinto que estamos chegando<br />

agora a uma idéia mínima de Brasil que permite uma operacionalidade. Depois de uma<br />

década de erros (80 foi uma década inepta onde tentamos aprender a governar), alguns<br />

parâmetros ficaram claros. A França, ou Alemanha, sei lá, tem um diagrama de<br />

funcionamento social que permite uma operatividade qualquer. Diante da demanda<br />

histórica, estes aparelhos funcionais são testados; encaixam ou não. Nosso problema<br />

tem sido que nada encaixa, nada engrena, nada rola. Apesar disso, parece que estamos<br />

chegando a uni mínimo de eficácia funcional, mas o custo social disso é altíssimo.<br />

Quantos milhões de atrofiados (50 milhões?) nordestinos teremos de produzir para<br />

chegar à idéia de irrigação? Quantos séculos de mortos de fome para chegarmos à<br />

consciência de que a classe dirigente nordestina é a escória da humanidade? A lentidão<br />

pendular dos interesses conciliatórios, os ritmos patrimonialistas seculares nos obrigam<br />

a este imenso desperdício de tempo e de vidas. Por isso, quando a Janis Joplin morreu,<br />

pouco depois que eu estive com ela no puteiro mais famoso da Bahia, Stuart Angel<br />

morreu também e eu senti uma dor diferente. Stuart morreu por um nada que ele jamais<br />

atingiria; Joplin morreu por uma abundância recusada. Um morreu ansiando por um<br />

sistema. A outra morreu por recusa, por excesso. São mortes diferentes, mortes de<br />

décadas que não se casam. Morreram em dimensões diferentes, em dois mundos<br />

paralelos. Uma morreu num futuro odioso, outro no terrível presente do nada brasileiro.<br />

O tempo não é o mesmo num espaço de miséria e num espaço de riqueza. Time is<br />

money.<br />

Sobras de nós mesmos<br />

O mais apavorante é a sensação/certeza de que nos últimos 30 anos tudo que

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