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O monstro do Mesmo<br />

contra-ataca mais uma vez<br />

— Quem é você? — gritou o presidente.<br />

— Eu sou o Mesmo! — respondeu a voz.<br />

A voz partia de uma névoa escura, do fundo do infinito salão do Alvorada (o<br />

presidente morava lá agora, despejado da Casa da Dinda).<br />

— É tarde da noite, não há ninguém! Quem é você?! — gritou o presidente<br />

para a grande nuvem.<br />

— O Mesmo! O Mesmo! — respondeu a voz.<br />

Perto da massa densa, o presidente parecia um pequeno homem. O presidente<br />

pensou que era um pesadelo. A voz adivinhou:<br />

aqui.<br />

— Não sou um sonho. Sempre estive aqui. Esperando. Sou paciente. Sempre<br />

A forma tinha vagos contornos humanos, rostos se substituíam informes, olhos,<br />

bigodes, corpos conhecidos brilhavam em viscosidades de gelatina.<br />

curiosidade.<br />

— Você sempre esteve aí? — perguntou o presidente entre o pânico e a<br />

— Sempre. Em 1961, eu já estava aqui... eu estava aqui quando Jânio via<br />

filmes de faroeste de porre no Alvorada... Eu era a luz do projetor, eu era a bruma que<br />

lhe anuviava a cabeça quando ele bebia demais, eu esperava com paciência que ele<br />

voltasse ao Mesmo, apesar de seus pés tortos, de suas vassouras. Jânio era o igual<br />

disfarçado de novo. Sua missão era fazer o Mesmo disfarçado sob o manto do<br />

escândalo.

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