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O óbvio ululante é a grande descoberta<br />

O primeiro encontro<br />

"O prazer estético é igual ao orgasmo de uma cotia do Campo de Santana", me<br />

disse Nelson Rodrigues. Esta foi a primeira coisa que ouvi dele. Eu era recruta no<br />

Exército e colega do seu filho Jofre. Cabelo raspado, peguei uma carona com ele, que<br />

foi buscar Jofre no quartel. Eu tinha 18 anos, já tinha lido tudo dele e escrevia sobre<br />

teatro na Última Hora. Quis impressioná-lo com frases de esquerda sobre estética. E<br />

ele: "A cotia amando tem o mesmo prazer que nós temos no quinto ato do Rigoletto".<br />

Eu falava de Brecht e ele ria: "Brecht é uma besta". E eu em pânico entre a tietagem e o<br />

escândalo. O orgasmo da cotia foi minha primeira lição.<br />

Nelson contra os laranjas<br />

A importância de Nelson não tem sido alcançada pelos críticos e ensaístas. Ele<br />

está muito além (ou aquém?) do rótulo de pornográfico ou tarado que os leigos lhe<br />

atribuem. Está muito além (ou aquém?) até das corretas análises teóricas que lhe<br />

fizeram. A importância da obra de Nelson parece não ter importância. Onde ela menos<br />

parece profunda, ali é que ela encontra uma altura rara. Nelson não é traduzível em<br />

conceitos laranjas (gíria de jornal que quer dizer intelectualóide ou embromador, que ele<br />

muito usava: "Fulano é laranja etc"). Nelson fez uma grande resistência ao laranjismo<br />

ou laranjada da literatura brasileira. Vou tentar explicar, correndo o risco de ser laranja.<br />

Antes e depois da nudez

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