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dois cubos de gelo, um saxofone, um prato de spagetti. Há um artigo sobre o sexo<br />

eletrônico, há o namoro cibernético pelos computadores da Minitel francesa, há em<br />

suma a tecnologia como caminho para a programação das emoções mais frouxas. Nada<br />

pode ficar fora do controle progressivo do cerco da estatística e da racionalidade das<br />

coisas. Toda a revista fala da inversão da mercadoria como compradora do corpo<br />

humano e não o contrário. Há um lindo artigo sobre quanto custa cada pedaço do corpo,<br />

quanto custa um fígado, quanto custam cabelos asiáticos, córneas, um baço, rins etc.<br />

Contra toda essa virtualizaçâo do mundo, só poucas coisas resistem; a Aids é<br />

uma delas. A Aids resiste contra o quê? Resiste humilhando a ciência, resiste como<br />

enviada virótica do mundo da miséria pela via do pênis dos circuitos da negra pobreza<br />

africana e haitiana até o ânus e o sangue do Ocidente branco, resiste como "recusa à<br />

promiscuidade sexual total que seria o próprio sexo abolido em seu ímpeto assexuado",<br />

como disse Baudrillard. Há uma epidemia de consenso (Baudrillard) que ameaça<br />

transformar o mundo em branco mar unânime.<br />

Estas serão as lutas do futuro. Contra a racionalidade das coisas, resistirão a<br />

Aids, a droga e o terrorismo de bolsões. Os três evitando que se feche o mundo unânime<br />

do Mesmo.<br />

A esperança social de antes era que a racionalidade iluminista pudesse<br />

controlar a irrazão e programar a sociedade. Hoje, se desenha que a lógica cruel do<br />

capitalismo onipotente só terá como antídotos: a permanência do risco salvando o<br />

mistério sexual, a droga impedindo o fechamento da caretice letal e o crime político<br />

rompendo a epidemia de obediência.<br />

A esperança renasce à sombra das camisas-de-vênus em flor.

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