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Os presidentes não saem;<br />

eles têm alta<br />

Perdidos na solidão do presidencialismo, governantes acabam usando o país<br />

para tratar de sitas neuroses.<br />

O Brasil virou uma espécie de centro terapêutico para tratar presidentes da<br />

República de suas loucuras. Estar no governo é uma psicanálise de grupo onde o<br />

presidente é o cliente e nós somos os terapeutas. Collor fez sua descida ao mundo<br />

esquizoparanóide da regressão total, pagou a dívida com o pai, saiu de jeans e teve alta.<br />

Os presidentes não saem; eles têm alta.<br />

Já tivemos no passado o Jânio Quadros, que largou o tratamento no início, com<br />

muitos milhões sempre. (Nenhum deles rasga dinheiro.) Tivemos o Figueiredo, que<br />

governava como se fosse um favor profundo que nos fazia. A presidência para ele era<br />

uma espécie de ofensa pessoal. Chamado de presidente, ele espetava o dedo na cara do<br />

sujeito e gritava: "Presidente é você!"<br />

Agora, Itamar está no diva. Se Collor era o maníaco ele é o depressivo. Seu<br />

jeito zen-mineiro, tocado de uma discrição provincial que enternecia de tão Guimarães<br />

Rosa que era, parece que ele também foi tocado pela santa loucura dos presidentes. Um<br />

dia, os analistas do futuro poderão dizer, de fronte alta: "O Brasil piorou, mas os<br />

presidentes melhoraram muito". Que santa demência é essa?<br />

Patrimonialismo da alma<br />

A clemência da presidência, ou esquizogovernança, é uma espécie de endemia

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