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querer ver a verdade profunda, mesmo que nos enlouqueça. Com a radicalização da CPI<br />
e a busca da verdade sem limites inaugurou-se uma fase de não-planejamento das<br />
hipocrisias.<br />
Collor foi símbolo sintético do erro total. Sua coragem de errar foi tanta que<br />
deixou um significance de radicalidade. O Congresso aprendeu a ser radical com ele. E<br />
a ser eficaz contra sua incompetência. O Congresso aprendeu que tem de governar e não<br />
se esvair em infindos conchavismos de eterna complacência.<br />
O fim do grotesco<br />
Com Collor e seu elenco de apoio esgotou-se o tempo da caricatura. Depois<br />
dos Malta, de Rosane, dos fantasmas, de PC e todo o circo bufo que se espaventou em<br />
cambalhotas e cordas bambas, só nós resta o enfrentamento da tragédia. Nunca se<br />
atingiu o sublime da caricatura como neste governo. Goya não acreditaria. Depois do<br />
período destes palhaços do Mal, não há mais do que rir. Esta crise é boa porque ela deu<br />
uma imensa visibilidade aos grotescos traços do país. Não há mais no país um semi-<br />
tom, um ton-sur-ton de cafajestismos. O sórdido tem cara de sórdido, o canalha é<br />
visualmente marcado.<br />
A tropa de choque é incrivelmente bem escolhida pelos tipos. Existe elenco<br />
melhor para o papel de canalhas? Fiúza, Maranhão, Odacyr e o inefável, supremo,<br />
indescritível Roberto Jefferson, o gordo demônio de Bosch. Bornhausen saiu porque<br />
não tinha physique du rôle. A piada não basta; a gargalhada é pouco para nós.<br />
A tragédia do quase<br />
A tradição brasileira leva à vitória da lei de Murphy. Sempre a pior hipótese<br />
ganha. Nós ostentamos em nossa história fixa a eterna volta ao Mesmo. Sempre tivemos<br />
a grandeza da vista curta, a beleza dos interesses mesquinhos, sempre tivemos a<br />
sabedoria dos porcos, das toupeiras, dos roedores. O Brasil sempre foi o país do quase