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social, Marx fetichizado em mercadoria. Com suas fotos de tragédia sem produto<br />

aparente, Benetton inventou a publicidade excludente: o produto se oculta para ser mais<br />

visto. Criticando o mundo, ela o transforma na mercadoria que não deve ser comida.<br />

Não coma nada, só Benetton. Ele funda uma neo-hipocrisia sincera: a felicidade como<br />

negatividade, como excludência. "Você é feliz se não for albanês, se não for proletário,<br />

se não tiver Aids!" A Benetton entra como último abrigo; só vende para quem não está<br />

nas fotografias terríveis.<br />

Nesta revista Colors, a Beneton faz florescer as novas camisinhas-de-vênus<br />

barrocas, que tentam ocultar a lembrança do atual sexo cirúrgico, a lembrança cio<br />

desértico sexo hospitalar de hoje. As lindas e novas camisinhas-show da revista da<br />

Benetton são como personagens de desenho animado. Há muitas.<br />

Má as camisinhas feitas em forma de negros pênis pujantes (afro-pênis, retorno<br />

ao primitivo, jazz?), há as camisinhas em forma de ikebana, arranjos florais; há pênis<br />

verdes, ecológicos como palmeiras imperiais; pênis em forma de barra de chocolate,<br />

pênis-demônio com rostos de duendes na ponta, pênis-anêmonas, pênis-sushis, united<br />

colors of cocks. E por que não pênis brasileiros, pênis-pelé, pênis-cara-pintada, com<br />

grafites anti-Collor, pênis que inflem contra a inflação, pênis-inocêncios para o<br />

Congresso? Por que não pênis-nordeste de couro, com a cabeça chata dos Maltas, pênis-<br />

malvadeza na Bahia, pênis-fuscão-negro, pênis populares de borracha velha reciclada,<br />

pênis pé-de-boi baratos? Finalmente renasceria a camisa-de-vênus tropical e festiva,<br />

finalmente o Brasil ajudaria a reflorir com a metáfora o mundo seco da modernidade.<br />

A epidemia do consenso<br />

Este número da revista Colors é muito sintomático. Toda a revista Colors<br />

aponta para o império do desagregado, do mundo em pedaços. Tudo aponta para a<br />

transformação do corpo em coisa, dos sentimentos em programas, das emoções em<br />

objetos. Tudo aponta para um futuro sonho de pedra, onde nada é gasoso, nada tem a<br />

espiritualidade arcaica, tudo aponta para a virtualização do real.<br />

Numa reportagem, os símbolos sexuais escolhidos numa enquete são: uma<br />

faca, um sushi, um computador, um monte de dólares, um trem na neve, um sapato alto,

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