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Miami! Eu sou mais! Você é um rapaz de família! Eu sou os anos rebeldes!
Pedro corre pela borda da cachoeira gritando:
— Se entrega, Fernando! — e atira de novo. Eua. A bala não bate em
Fernando. Acerta no vidro do helicóptero, que se estilhaça e continua a voar trôpego de
volta ao Congresso.
— Errou de novo! Idiota! Ninguém acerta nesta família! Só eu acerto, errando!
Eu sei! Que será de você quando eu me for? Santo Deus, que vida te espera! Eu não, eu
sou grego, eu sou trágico!
Pedro gritava de ódio, perseguindo o irmão que ria, pulando de pedra em pedra,
com a agilidade de atleta. Novos tiros ecoaram. Pedro errara de novo.
De súbito, se ouve um grande rumor.
Cooper para a história
Além do muro da Casa da Dinda, uma nuvem de poeira surgiu, enquanto o
rádio gritava: "168, contra! Votado 'não' ao impeachment!
A nuvem ululante era o tropel dos puxa-sacos que vinham saudar o presidente.
Fernando gritava, do alto de sua selva:
— Canalhas! Nem me derrubar conseguiram! Com tudo o que eu fiz, me dei de
bandeja! Eu quis mudar este país, quis dar uma lição a todos e nem assim! Este país não
tem vergonha mesmo!
A caravana se aproximava, buzinando; gritos, bandeiras, hino nacional. Rosane
surge correndo, trazendo de volta as malas Vouiton com que fugira.
— Fernando, amor, eu voltei!
Pálido, o presidente olha com esgar de desprezo. Ela, cercada das gordas
barrigas dos Malta.
A multidão se aproximava. Pedro olhava esgazeado Fernando ainda lhe falava:
— Olha, Pedro, aprende mais esta lição. Eu não tenho volta, sou grande
demais para ser perdoado por meia dúzia de evangélicos e ruralistas. Eu tenho um
destino trágico que não posso negar. Eu não aspiro à familhinha feliz que você ama. Eu
não posso botar um terninho amanhã e voltar ao dia-a-dia do Planalto. Eu sou mais!