14.05.2013 Views

Download - Xtecnologias

Download - Xtecnologias

Download - Xtecnologias

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

dos futurismos... dos pássaros de aço... (riu, apontando Agenor) é... uma coisa<br />

brasileira... que vai passar e voltar... que vai passar... mas de um primitivismo fundo,<br />

vamos tirar, muito depois, um caminho.<br />

Neste momento, Sérgio Milliet estava no palco, recitando.<br />

Fomos submergidos por uma vaia monstro que virava quase um cantochão.<br />

Sérgio, recém-chegado de Paris, recitava: "Làbas... mon âme... Mais non, la France,<br />

Allemagne... Silence!..." E a platéia emendava num cantochão gargalhado: "Hen...<br />

hunn... huan... honhon... Miau! Miau! Mais non... me... notti!... Miau!"<br />

Um homem decidido surgiu a nosso lado e convocou Oswald: "Vamos subir lá<br />

nesse galinheiro! Vamos lá!" Era Armando Leal Pamplona, um cineasta primitivo que<br />

incendiou Oswald, e os dois foram escalando o balcão. Fui atrás, com o gravador<br />

escondido. "Quem é que está vaiando aí, seus filisteus?!!" berrou Oswald. Um sujeito<br />

imenso pulou em nossa frente. "Eu!!! Eu!!! Miau!!! Miau!!!" E para meu espanto<br />

absoluto, Oswald se dirige ao ciclope e encomenda: "Vaia, vaia bastante, que é bom!" O<br />

sujeito ficou murcho e sem entender.<br />

Súbito, silêncio total. Sou atraído pelo som de um piano: Guiomar Novais toca<br />

Vila-Lobos, e Vila olha entre as cortinas de uma frisa. Depois, entre raios de luz, surge<br />

uma pequena figura dançante, Yvonne Daumerie, linda como uma chama viva, que<br />

percorre o palco com seu corpo seminu. A dança vivia no silêncio perfeito. As cabeças<br />

pendiam. As mulheres aspiravam aquela liberdade; os homens olhavam-lhe o corpo.<br />

Paulo Prado, Marinette Prado (Tarsila estava em Paris), as esposas do grupo cafeeiro<br />

que financiou o festival: René Thiollier, Antônio Prado jr., Alberto Penteado...todos<br />

absortos.<br />

Desci no intervalo para ver os quadros da exposição no bali. Alguns eram<br />

quadros com clara filiação acadêmica, nada corrosivos, tais como os de Zina Aita,<br />

Ferrignac e até coisa muito fraca, como o trabalho de Haerberg que eu nem conhecia.<br />

Mas, avultava a força dos verdes e amarelos deformados de Anita Malfatti, que olhava<br />

timidamente de um canto.<br />

Gritos na escadaria do vestíbulo do teatro. Olho e vejo Mário de Andrade,<br />

apontando os quadros expostos e falando deles com ardor:<br />

"A natureza existe fatalmente! O poeta cria por vontade própria! Querer que<br />

ele reproduza a natureza é rebaixá-lo!"<br />

não era Isaura.<br />

Santo Deus, eu estava vendo ao vivo a conferência de Mário A escrava que

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!