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sem verbas. Ele é humilde porque tem "praças maltrapilhos com ranchos sem carne",<br />
tristes macarrões com feijão. O general se afasta comendo o brigadeiro.<br />
Reféns do Congresso<br />
E surge um grupo valsante: os sonhadores de soluções. São os tecnocratas<br />
transideológicos que vogam na crença de uma solução sem sangue para o país. São<br />
messiânicos light, que crêem na lógica milagrosa do mercado e que aceitam a infinita<br />
conciliação com os deputados e senadores e bebem a água de barrela do nada<br />
corporativista, que o parlamentar pós-CPI (que vem dançando) lhe deita goela abaixo. A<br />
queda de Collor nos fez a todos reféns de um arrogante Congresso. O parlamentar pós-<br />
CPI põe o dedo na cara do tecnocrata transideológico e grita: "Nada se aprovará sem<br />
consenso e, se consenso houver, tudo vira nada!" O parlamentar pós-CPI gargalha com<br />
senadores ruralistas e evangélicos, que se engasgam em reles salgadinhos com guaraná<br />
em copo plástico (onde estão as antigas cascatas de camarão? penso eu). Humilhado, o<br />
tecnocrata foi vomitar sobre os tinhorões.<br />
Grave, vem andando outro tipo novo, o escandalizado de carteirinha. Este é o<br />
intelectual-crítico, que a cada horror contemplado aumenta sua beleza interior. Sabe<br />
todos os números de nossa tragédia. Declara com a boca cheia de quindins dourados:<br />
"50 milhões de criancinhas têm a massa cerebral diminuída por falta de proteína!" E de<br />
seus lábios escorre lenta a baba doce e amarela. O escandalizado de carteirinha grita de<br />
fronte alta: "Este país é uma bosta!" para um grupo extasiado de cretinos fundamentais<br />
que formam uma nova fauna: ex-ministras eróticas, burocratas em disponibilidade,<br />
ministros sem pasta, agentes do FMI em pânico, gringos corruptores ativos, consultores<br />
sem rumo. Acolá, a cortesã desempregada beija o empresário ingênuo, que foi<br />
corrompido pelo esquema PC, a quem deu dinheiro sem saber por quê. O empresário<br />
ingênuo sorri a todos para mostrar sua inocência, mas é contemplado com maligno olhar<br />
pelo jornalista implacável (serei eu um deles?) que critica o país inteiro a partir de uma<br />
vaga pasta de moralismo e ódio, uma geléia de indignação com oportunismo. Mais<br />
além, chegando em cadeira de rodas, vem o monetarista-humanista, que de olhos<br />
faiscantes tenta provar que esteve sempre certo, que seu antigo servilismo aos patrões