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viado, eu transo nos banheiros de botequins!"<br />

Sua intensidade erótica nos mata de inveja. Do fundo de nossa pobreza,<br />

olhamos os deuses da mídia exibindo seus vícios como ornamentos, já que as jóias não<br />

bastam. Mas alguma coisa nos deprime na Sexy Interview. Será a inveja de não estarmos<br />

na grande suruba irreal da mídia? Talvez, talvez, se fosse possível ter tudo aquilo e<br />

também uma poética qualquer. Ali não há poética, nem do corpo; há ali uma confissão<br />

sob holofotes. Na realidade, estamos sendo invadidos por um sistema de informação<br />

total, que nos obriga a tudo dizer. O exibicionismo, doce mecanismo de prazer que os<br />

séculos consagravam, não é o que move estas pessoas que dizem: "Eu dou assim, eu<br />

chupo, eu engulo". Estas entrevistas eróticas não são exibicionismo; são o cumprimento<br />

do dever. Há a confissão a um microfone geral e pós-catástrofe que a todos denuncia. A<br />

exibição sexual compulsiva é uma exigência de mercado. São os sexual climbers<br />

disputando o troféu Piranha de Ouro. A desobediência sexual, que já foi revolucionária,<br />

rompendo a barreira moral, hoje é apenas resposta a uma ordem geral de transparência<br />

de informação que rege tudo, a qualidade dos produtos, a luz geral e cegante dos<br />

supermercados, a total visibilidade, a negação da individualidade, de qualquer diferença<br />

que implique negatividade. Estamos no império louco da positividade, onde nada pode<br />

ser feio ou mau. Tudo tem de ser permitido, ou compreendido. No reino da<br />

ostensividade, nada pode ser escondido, nada pode ser desejado como gozo futuro,<br />

como utopia de prazer. Só prazer não-utópico, presente, sem segredos. Os segredos não<br />

agradam à sociedade ostensiva. Todas as conspirações acabaram. Quem diria que nossa<br />

prisão seria um campo aberto, que a verdadeira proibição não seria o stalinismo, ou<br />

1984, e sim a ausência de proibição, ou melhor, a proibição de ausências?<br />

Na revista Sexy, nós (voyeurs ou invejosos consumidores?) não vemos o elogio<br />

da transcendência ou da delícia; só há a louvação do funcionamento físico dos atos, de<br />

uma eficiência funcional. Há uma tecnologia do sexo, como se estivessem falando de<br />

carros, de lanchas, de liqüidificadores. Fala-se do desempenho de corpos como se fala<br />

de uma BMW por exemplo. Uma mulher tem mil cilindradas ou é um avião. A<br />

qualidade das transas e dos corpos é sempre medida pelo bom acabamento da<br />

carroceria, pelo melhor acoplamento de interfaces, pelo encaixe perfeito de peças de<br />

precisão. Tal pessoa é compatível com tais engates, tal mulher trepou com fulano que<br />

trepou com sicrano e com beltrano. Há na revista um gráfico que lembra as plantas<br />

baixas de usinas ou um mapa de circuitos impressos, de relays e transistores que<br />

desenham um labirinto de trepadas reveladas por atores famosos. Um rabo lubrificado A

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