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Pensar o ambiente: bases filosóficas para a educação ambiental

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passagens representativas das teorias estudadas, bem como inseridas citações<br />

mais longas e ilustrativas do estilo e do pensamento filosófico.<br />

O debate no qual este livro se insere segue sendo de natureza filosófica,<br />

mesmo quando aciona pensamentos de outros campos, pois é com uma indagação<br />

filosófica que o fazemos. A questão que conecta este empreendimento ao vívido<br />

debate contemporâneo, sobre as relações entre filosofia e <strong>ambiente</strong>, diz respeito<br />

ao tema da possibilidade de ética <strong>ambiental</strong>, seus fundamentos e aplicações no<br />

mundo contemporâneo. Em 1972, o filósofo australiano Richard Routley escreveu<br />

um trabalho intitulado Is there a need for a new ethics, an Environmental Ethics?<br />

(Existe a necessidade de uma nova ética, uma Ética Ambiental?), que viria a se<br />

tornar um clássico na literatura internacional sobre Ética Ambiental, dando início a<br />

uma disciplina ainda marginal chamada Ética Ambiental. Em seu famoso ensaio,<br />

Routley argumenta que as éticas ocidentais não estão bem equipadas <strong>para</strong> tratar<br />

da crise <strong>ambiental</strong> e que a única saída seria criar uma ética totalmente nova, uma<br />

Ética Ambiental. O livro <strong>Pensar</strong> o Ambiente: <strong>bases</strong> <strong>filosóficas</strong> <strong>para</strong> a <strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong><br />

atesta basicamente uma discordância com o argumento de Routley. Pensamos<br />

que o ocidente, desde os gregos, passando pelos medievais e modernos até<br />

os contemporâneos, está repleto de poderosos insights <strong>para</strong> o desenvolvimento da<br />

Ética Ambiental e da Educação Ambiental. Assim, o novo, neste caso, não precisa<br />

necessariamente remeter a uma refundação do pensamento filosófico, mas, talvez<br />

a releitura dos autores ocidentais, à luz do contexto em que vivemos, possa nos<br />

trazer novas luzes sobre nossos impasses atuais.<br />

Ainda no séc. IV a.C., Platão, em Crítias 102, lamenta a devastação das paisagens<br />

gregas. Assim, iniciamos nosso diálogo com a tradição através dos Pré-Socráticos.<br />

Em Os Pré-socráticos: os pensadores originários e o brilho do ser, artigo<br />

escrito por Nancy Mangabeira Unger, somos transportados à linguagem e ao pensamento<br />

dos primeiros filósofos gregos que inauguram um modo de pensar a totalidade<br />

do mundo. Este artigo nos brinda com parte deste universo originário, onde os<br />

conceitos como physis, ethos, aletheia, entre outros, nos remetem a um saber e a<br />

uma experiência sem tradução no nosso mundo moderno. Para o educador <strong>ambiental</strong>,<br />

por exemplo, aproximar-se da noção de physis, que diz respeito à vida que pulsa<br />

em todos os seres, anterior e diferente de nossa visão de física ou de natureza,<br />

conceitos já pertencentes a uma categorização dualista da realidade que não faziam<br />

parte da linguagem e da experiência destes pensadores antigos. Do mesmo modo,<br />

a idéia de ethos como morada nos dá pistas desta outra experiência do real e da<br />

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