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Pensar o ambiente: bases filosóficas para a educação ambiental

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(provocada por paixões desenfreadas), é uma experiência profundamente oculta e talvez<br />

intencional da sabedoria suprema, <strong>para</strong> instituir, se não a conformidade às leis com a<br />

liberdade dos estados e desse modo a unidade de um sistema moralmente fundado,<br />

ao menos <strong>para</strong> prepará-la e apesar dos terríveis sofrimentos em que a guerra coloca o<br />

gênero humano e dos talvez ainda maiores, com que sua constante pre<strong>para</strong>ção o pressiona<br />

em tempos de paz, ainda assim ela é um impulso a mais (ainda que a esperança<br />

de tranqüilidade <strong>para</strong> felicidade do povo seja cada vez mais longíqua) <strong>para</strong> desenvolver<br />

todos os talentos que servem à cultura até o mais alto grau.<br />

No que respeita à disciplina das inclinações, <strong>para</strong> as quais a disposição natural,<br />

relativamente à nossa determinação como espécie animal é completamente conforme<br />

a fins, mas que muito dificultam o desenvolvimento da humanidade, é também manifesto,<br />

no que concerne a esta segunda exigência a favor da cultura, uma aspiração<br />

conforme a fins da natureza que nos torna receptivos <strong>para</strong> uma formação que nos<br />

pode fornecer fins mais elevados do que a própria natureza. Não é de se contestar-se<br />

a sobrecarga de males que o refinamento do gosto até à sua idealização e mesmo o<br />

luxo nas ciências, como um alimento <strong>para</strong> a vaidade, através da multidão de tendências<br />

assim produzidas e insatisfeitas, espalha sobre nós. Pelo contrário, não é de<br />

ignorar o fim da natureza, que consiste em cada vez mais se sobrepor à grosseria e<br />

à brutalidade daquelas tendências que em nós pertencem mais à animalidade e mais<br />

se opõem à formação da nossa destinação mais elevada (as inclinações <strong>para</strong> o gozo),<br />

<strong>para</strong> dar lugar ao desenvolvimento da humanidade. As belas artes e as ciências, que<br />

por um prazer universalmente comunicável e pelas boas maneiras e refinamento na<br />

sociedade, ainda que não façam o homem moralmente melhor, tornam-no porém civilizado,<br />

sobrepõem-se em muito à tirania da dependência dos sentidos e pre<strong>para</strong>mno,<br />

assim, <strong>para</strong> um domínio, no qual só a razão deve mandar. Entretanto os males,<br />

com os quais quer a natureza, quer o insuportável egoísmo dos homens nos castigam,<br />

convocam, fortalecem e temperam simultaneamente as forças da alma <strong>para</strong> que estas<br />

não sucumbam, e assim nos deixem sentir uma aptidão, que em nós permanece oculta,<br />

<strong>para</strong> fins mais elevados. 25<br />

251 É fácil de decidir que tipo de valor a vida tem <strong>para</strong> nós, no caso deste ser avaliado simplesmente segundo<br />

aquilo que se goza (segundo o fim natural da soma de todas as tendências, da felicidade).<br />

Esse valor reduz-se a zero, pois desse modo quem é que queria viver outra vez sob as mesmas<br />

condições, ou mesmo segundo um novo e autoprojetado plano (no entanto, de acordo com o curso da natureza),<br />

mas que de qualquer modo assentasse simplesmente no gozo ? Mostramos acima que<br />

valor é que a vida possui, segundo aquilo que ela nela própria contém e em função de ela ser conduzida<br />

segundo o fim que a natureza partilha conosco, isto é, segundo aquilo que se faz (e não simplesmente<br />

se goza), já que sempre somos apenas meio <strong>para</strong> um fim terminal indeterminado. Nada mais resta certamente<br />

do que o valor que damos à nossa própria vida, mediante não só aquilo que fazemos, mas que<br />

fazemos conforme a fins e de um modo tão independente da natureza que a sua própria existência só<br />

pode ser fim sob estas condições. (K)<br />

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