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Pensar o ambiente: bases filosóficas para a educação ambiental

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compleição, diversas maneiras de se render culto a Deus, <strong>para</strong> que Deus os estime acima<br />

dos outros e dirija a Natureza inteira em proveito da cega apetição e insaciável avareza.<br />

Assim, este prejuízo tornou-se em superstição e lançou profundas raízes nas mentes,<br />

dando origem a que cada um aplicasse o máximo esforço no sentido de compreender<br />

as causas finais de todas as coisas e de as explicar; mas, conquanto se esforçassem por<br />

mostrar que na Natureza nada se produz em vão (isto é, que não seja <strong>para</strong> proveito humano),<br />

parece que não deram a ver mais do que isto: a Natureza e os deuses deliram tal<br />

qual os homens.<br />

[...]<br />

Depois de se terem persuadido de que tudo o que acontece, acontece em vista deles,<br />

os homens foram levados a julgar que o principal, fosse no que fosse, é o que têm por<br />

mais útil e a darem apreço como mais prestante ao que mais agradavelmente os afetasse.<br />

Daí serem obrigados a formar noções com que explicassem a natureza das coisas, tais<br />

como Bem, Mal, Ordem, Confusão, Frio, Beleza e Lealdade; e porque se reputam livres,<br />

isso deu origem a noções tais como Louvor e Vitupério, Pecado e Mérito.<br />

Explicarei estas últimas adiante, depois de haver tratado da natureza humana, mas<br />

daquelas passo a ocupar-me em breves palavras.<br />

Chamaram Bem a tudo o que importa ao bem-estar e ao culto de Deus, e Mal o<br />

que é contrário a isto. É que quem não conhece a natureza das coisas nada pode afirmar<br />

a respeito delas e somente as imagina e toma a imaginação pelo entendimento, e por isso<br />

acredita firmemente que existe Ordem nas coisas, ignorante como é da natureza dos seres<br />

e da de si mesmo.<br />

[...]<br />

Se as percebessem pelo entendimento, como testifica a matemática, elas teriam o<br />

dom, senão de cativar, pelo menos de convencer a toda gente.<br />

Vê-se assim que todas as noções com que o vulgo costuma explicar a Natureza são<br />

somente modos de imaginar, as quais nada dão a saber acerca da natureza do que quer que<br />

seja, mas apenas sobre a constituição da imaginação; e porque têm nomes como se fossem<br />

entes existentes fora da imaginação, chamo-lhes entes de imaginação e não entes de Razão.<br />

Daqui resulta que facilmente se podem repelir os argumentos que contra nós se<br />

vão buscar a tais noções.<br />

Com efeito, não falta quem tenha por hábito argumentar da seguinte maneira: se<br />

tudo existe em conseqüência da necessidade da natureza perfeitíssima de Deus, donde<br />

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