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Pensar o ambiente: bases filosóficas para a educação ambiental

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O uso do termo <strong>para</strong> descrever assuntos humanos, ao contrário do sentido<br />

de movimento cíclico ou recorrente – o que poderia significar que as poucas formas<br />

de governo existentes se alternariam entre os mortais de maneira repetitiva<br />

como uma força irresistível –, passou a designar algo bem diferente. Nada poderia<br />

ser mais distante do sentido original do termo do que a noção de que os homens<br />

são agentes ativos em um processo que leva a antiga ordem à extinção e dá nascimento<br />

a um novo mundo – o sentido moderno do termo revolução. Porém, a<br />

idéia de que a revolução, em certo momento, se torna um fenômeno maior do que<br />

todos os homens nela envolvidos, e os arrasta de maneira irresistível, independentemente<br />

de sua vontade inicial, ou da influência dos homens, é o que se mantém<br />

com relação ao sentido original.<br />

Nesse sentido, o que está em jogo é a questão da violência. A Ação humana<br />

– como inovação, e não como atitude de se conformar ou comportar dentro de padrões<br />

estabelecidos – é o que gerou as revoluções, pela causa da liberdade. Porém,<br />

<strong>para</strong> isso foi necessário o uso da violência. Foi necessário aos revolucionários se render<br />

ao fluxo irresistível – e violento – das revoluções <strong>para</strong> que se conseguisse estabelecer<br />

a liberdade, que se torna, neste período histórico, uma necessidade. Este seria<br />

o sentido da dialética da liberdade e da necessidade, que eventualmente coincidem,<br />

isto é, a idéia de que a liberdade se torna, em algum momento, fruto da necessidade.<br />

Para Hannah Arendt, este seria o <strong>para</strong>doxo mais terrível e, em termos humanos,<br />

menos tolerável de todo o pensamento moderno. Porém, é importante enfatizar,<br />

<strong>para</strong> a autora a violência só pode permanecer racional se almeja objetivos de curto<br />

prazo. A prática da violência muda o mundo, como toda ação, mas a mudança mais<br />

provável é <strong>para</strong> um fim mais violento.<br />

A autora afirma que esta interpretação da realidade política, baseada mais<br />

na evidência empírica de séculos de repetidas guerras e revoluções do que em<br />

evidências teóricas, revela uma moderna concepção de história. Tal concepção<br />

enfatiza a noção de história como um processo, o que tem suas origens no<br />

conceito – também da era moderna – de natureza como um processo. Enquanto<br />

os pensadores se basearam nas ciências naturais <strong>para</strong> constituir as ciências<br />

humanas, entendendo a história como cíclica e repetitiva, era inevitável que se<br />

entendesse que tal necessidade era inerente ao movimento da história. As revoluções<br />

seriam, assim, eternas recorrências na história, o que tornaria a história<br />

essencialmente linear e previsível. Isto contradiz a idéia de que as revoluções<br />

trazem algo novo, não conhecido anteriormente, parte fundamental do conceito<br />

de revolução aqui exposto.<br />

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