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Pensar o ambiente: bases filosóficas para a educação ambiental

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império absoluto sobre as afecções. Mas, na minha opinião, ele nada demonstrou, a não<br />

ser a penetração do seu grande espírito, como o mostrarei no momento próprio. De momento,<br />

quero voltar àqueles que preferem detestar ou ridicularizar as afecções e as ações<br />

dos homens a conhecê-las. A esses, sem dúvida, parecerá estranho que eu me proponha<br />

a tratar dos vícios dos homens e das suas inépcias à maneira dos geômetras e que queira<br />

demonstrar, por um raciocínio rigoroso, o que eles não cessam de proclamar contrário<br />

à Razão, vão, absurdo e digno de horror. Mas eis como eu raciocino. Nada acontece na<br />

Natureza que possa ser atribuído a um vício desta; a Natureza, com efeito, é sempre a<br />

mesma; a sua virtude e a sua potência de agir são unas e por toda parte as mesmas, isto<br />

é, as leis e as regras da Natureza, segundo as quais tudo acontece e passa de uma forma a<br />

outra, são sempre e por toda parte as mesmas; por conseqüência, a via reta <strong>para</strong> conhecer<br />

a natureza das coisas, quaisquer que elas sejam, deve ser também una e a mesma, isto é,<br />

sempre por meio das leis e das regras universais da Natureza. Portanto, as afecções de<br />

ódio, de cólera, de inveja etc., consideradas em si mesmas, resultam da mesma necessidade<br />

e da mesma força da Natureza que as outras coisas singulares; por conseguinte,<br />

elas têm causas determinadas, pelas quais são claramente conhecidas, e têm propriedades<br />

determinadas tão dignas do nosso conhecimento como as propriedades de todas as outras<br />

coisas, cuja mera contemplação nos dá prazer. Tratarei, portanto, da natureza e da força<br />

das afecções, e do poder da alma sobre elas, com o mesmo método com que nas partes<br />

precedentes tratei de Deus e da alma, e considerarei as ações e os apetites humanos como<br />

se tratasse de linhas, de superfície ou de volumes.<br />

”<br />

Excerto extraído de ESPINOSA, B. Ética demonstrada à maneira dos geômetras.<br />

[tradução: Jean Melville]. São Paulo: Martin Claret, 2005.<br />

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