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Pensar o ambiente: bases filosóficas para a educação ambiental

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as questões centrais da Ética a Nicômaco. Para chegar a isso Aristóteles examina a<br />

natureza humana e suas características definidoras do ponto de vista ético, as virtudes.<br />

Grande parte da discussão do texto é dedicada, portanto, ao conceito de virtude<br />

moral (areté), ou excelência de caráter.<br />

Aristóteles define seu objetivo como eminentemente prático e critica (Ética a<br />

Nicômaco, I, 6) a concepção platônica de forma, ou idéia, do Bem pelo seu sentido<br />

genérico, excessivamente amplo e distante da experiência humana.<br />

Para Aristóteles, a felicidade (eudaimonia) é o objetivo visado por todo ser<br />

humano. O termo eudaimonia pode ser entendido como excelência, principalmente<br />

como excelência naquilo que se pretende realizar. Portanto, na concepção aristotélica,<br />

a felicidade está relacionada à realização humana e ao sucesso naquilo que se<br />

pretende obter e que só se obtém na medida em que aquilo que se faz é bem feito,<br />

ou seja, corresponde à excelência humana e depende de uma virtude (areté) ou qualidade<br />

de caráter que torna possível esta realização. No Livro I, da Ética a Nicômaco,<br />

a felicidade, ou bem-estar, é apresentada como aquilo que todos buscamos e como<br />

objetivo da Ética, em última análise, como um fim em si mesmo. No último livro,<br />

na conclusão da obra, portanto, Aristóteles retoma o conceito de felicidade, esclarecendo<br />

que não deve ser confundida com os prazeres, mas que a felicidade em seu<br />

sentido mais elevado deve ser entendida como a contemplação das verdades eternas,<br />

a atividade característica do sábio ou do filósofo.<br />

A noção de felicidade é central à ética aristotélica que, por este motivo, é<br />

caracterizada como ética eudaimônica, caracterização esta que se estende às éticas<br />

influenciadas por Aristóteles em geral e que atribuem igualmente a centralidade ao<br />

conceito de felicidade.<br />

Embora a filosofia grega não tenha se dedicado de modo especial à questão<br />

do meio <strong>ambiente</strong>, a concepção grega de integração do ser humano com o mundo<br />

natural é considerada um dos pontos de partida do pensamento ecológico contemporâneo.<br />

É sobretudo o modo de pensar grego que, ao definir o ser humano como<br />

um microcosmo que é parte do macrocosmo, abre caminho <strong>para</strong> a visão do equilíbrio<br />

necessário entre o ser humano e a natureza. Assim como as leis do Cosmo<br />

garantem o seu equilíbrio e harmonia, a ética corresponderia, no mundo humano, à<br />

busca de equilíbrio e harmonia equivalentes.<br />

Aristóteles compartilha dessa concepção e considera sempre o ser humano<br />

como parte da natureza desde a Metafísica (I, ), quando discute o conhecimento<br />

como tendo seu ponto de partida no prazer que as sensações nos causam até seus<br />

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