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Pensar o ambiente: bases filosóficas para a educação ambiental

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A passagem da sociedade – a ascensão da administração caseira,<br />

de suas atividades, seus problemas e recursos organizacionais<br />

– do sombrio interior do lar <strong>para</strong> a luz da esfera pública não<br />

apenas diluiu a antiga divisão entre o privado e o público, mas<br />

também alterou o significado dos dois termos e a sua importância<br />

<strong>para</strong> a vida do indivíduo e do cidadão, ao ponto de torná-los<br />

quase irreconhecíveis (ARENDT, 2000a: 47).<br />

Para a autora, o processo de secularização característico da modernidade, em<br />

vez de fortalecer o compromisso das pessoas com os interesses nas coisas deste mundo,<br />

proporcionou uma nova alienação do mundo que arremessou os sujeitos <strong>para</strong> dentro de<br />

si mesmos, num processo crescente de subjetivação. Por isso Arendt se preocupa em<br />

definir o conceito de Ação, diferenciando-o dos comportamentos individuais:<br />

A Ação, única atividade que se exerce diretamente entre os homens,<br />

sem a mediação das coisas ou da matéria, corresponde<br />

à condição humana da pluralidade, ao fato de que homens, e<br />

não o Homem, vivem na terra e habitam o mundo. Todos os<br />

aspectos da condição humana têm alguma relação com a política;<br />

mas esta pluralidade é especificamente a condição de toda a<br />

vida política (ARENDT, 2000a).<br />

Para Hannah Arendt, a Ação é a expressão mais nobre da condição humana.<br />

O ser humano se define por seu Agir, entre os outros humanos, influindo no mundo<br />

que o cerca. Esta capacidade de Agir, em meio à diversidade de idéias e posições é<br />

a base da convivência democrática e do exercício da cidadania. Só aí, na pluralidade<br />

e na diversidade, é possível desfrutar da liberdade de criar algo novo. Desta forma,<br />

o Agir humano é o campo próprio da <strong>educação</strong>, enquanto prática social e política<br />

que pretende transformar a realidade.<br />

Diferentemente dos comportamentos que repetem padrões aprendidos, a<br />

Ação é onde são produzidos os sentidos <strong>para</strong> as coisas, através do debate, do discurso<br />

e da palavra. É aí que as pessoas criam e decidem as regras do jogo social.<br />

Hannah Arendt mostra como a dimensão da Ação vem perdendo terreno, face à<br />

tendência conformista e homogeneizada da sociedade de massas. Um fator decisivo<br />

é que a sociedade moderna tende a impedir a possibilidade de Ação. Ao invés de<br />

Ação, a sociedade espera de cada um de seus membros um certo tipo de comporta-<br />

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