Pensar o ambiente: bases filosóficas para a educação ambiental
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A concepção de história de Hannah Arendt, então, pressupõe indeterminação<br />
– o que nos leva a crer que a violência talvez não seja, necessariamente, inerente<br />
à busca futura pela liberdade. Lembremos a importância da Ação humana <strong>para</strong> a<br />
autora, permeada por esta noção de indeterminação do futuro:<br />
O que faz do homem um ser político é sua capacidade <strong>para</strong> a<br />
ação; ela o capacita a reunir-se a seus pares, agir em concerto e<br />
almejar objetivos e empreendimentos que jamais passaram por<br />
sua mente, deixando de lado os desejos de seu coração, se a ele<br />
não tivesse sido concedido este dom – o de aventurar-se em<br />
algo novo. Filosoficamente falando, agir é a resposta humana<br />
<strong>para</strong> a condição da natalidade. Posto que adentramos o mundo<br />
em virtude do nascimento, como recém-chegados e iniciadores,<br />
somos aptos a iniciar algo novo; sem o fato do nascimento jamais<br />
saberíamos o que é a novidade, e toda ‘ação’ seria o mero<br />
comportamento ou preservação. Nenhuma outra faculdade, a<br />
não ser a linguagem – e não a razão ou a consciência – distingue-nos<br />
tão radicalmente de todas as espécies animais. Agir<br />
e começar não são o mesmo, mas estão intimamente conexos<br />
(Arendt, 994, p.59.).<br />
Diante da centralidade da Ação e da novidade na Ação humana, é possível<br />
voltar à questão da revolução. Talvez as revoluções, com suas características de<br />
novidade no final e violência na origem, não sejam necessárias no futuro; talvez a<br />
“novidade” seja a recriação da revolução. Isto abriria espaço <strong>para</strong> a Ação criativa<br />
dos homens. Pois se percebe, na análise, que Hannah Arendt faz do conceito de<br />
revolução a fundamental importância dada à Ação humana, a ação política. A ação<br />
criativa, que busca a novidade, e mais ainda, a necessidade da busca do novo, de um<br />
recomeço, ligado à busca da liberdade, é o que marca sua interpretação do fenômeno<br />
revolucionário. Uma interpretação carregada de esperança – sem ingenuidade e<br />
apesar dos terríveis legados da violência e do totalitarismo – nas possibilidades da<br />
Ação humana.<br />
201