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Pensar o ambiente: bases filosóficas para a educação ambiental

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de substituí-las, em seguida, ou por outras melhores ou então<br />

pelas mesmas, depois que as tivesse ajustado ao nível da razão<br />

(Ibid., p. 40).<br />

Para Descartes, o silogismo aristotélico provou ser mais útil <strong>para</strong> a explicação<br />

dos conhecimentos existentes do que <strong>para</strong> levar a conhecimentos novos e mais<br />

estáveis. Esse espírito de insatisfação força-o a buscar estabelecer um novo método,<br />

no qual possam ser eliminados tanto a perturbadora diversidade de visões quanto o<br />

potencial exagerado <strong>para</strong> o erro. Esse novo método foi assim condensado em quatro<br />

regras simples. Segundo Doll ( 993), os princípios desse novo método conquistaram<br />

profunda aceitação nas modernas instituições educacionais. Os preceitos foram<br />

os seguintes:<br />

O primeiro preceito era o de jamais aceitar alguma coisa como<br />

verdadeira que não soubesse ser evidentemente como tal, isto<br />

é, de evitar cuidadosamente a precipitação e a prevenção, e de<br />

nada incluir em meus juízos que não se apresentasse tão clara<br />

e tão distintamente a meu espírito que eu não tivesse nenhuma<br />

chance de colocar em dúvida.<br />

O segundo, o de dividir cada uma das dificuldades que eu examinasse<br />

em tantas partes quantas possíveis e quantas necessárias<br />

fossem <strong>para</strong> melhor resolvê-las.<br />

O terceiro, o de conduzir por ordem meus pensamentos, a começar<br />

pelos objetos mais simples e mais fáceis de serem conhecidos,<br />

<strong>para</strong> galgar, pouco a pouco, como que por graus, até o conhecimento<br />

dos mais complexos e, inclusive, pressupondo uma ordem<br />

entre os que não se precedem naturalmente uns aos outros.<br />

E o último, o preceito de fazer em toda parte enumerações tão<br />

completas e revisões tão gerais que eu tivesse a certeza de nada<br />

ter omitido. (Ibid., p. 44-45).<br />

Não é de se surpreender que os críticos do pensamento cartesiano tendam,<br />

então, a enfocar o ímpeto reducionista dessas regras, como demonstra o trabalho<br />

de Capra ( 982), Merchant ( 989) e Berman ( 985). Pretendo acrescentar, a tais<br />

análises do pensamento cartesiano, outra dimensão, isto é, o que vejo como o aniquilamento<br />

da historicidade, por mais residual que sua presença explícita possa ser<br />

e seu constante ataque à tradição. Como está proposto nessas regras, o método de<br />

Descartes possibilitou-lhe o uso da razão em seu potencial completo. Descartes<br />

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