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Pensar o ambiente: bases filosóficas para a educação ambiental

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tanto, Descartes não propõe que tal conhecimento seja puramente especulativo; outrossim,<br />

central <strong>para</strong> sua tese permanece o papel desempenhado pela observação. Assim,<br />

escreve: “Assim, avançarei mais ou menos no conhecimento da natureza conforme tiver<br />

doravante a facilidade de realizá-las em maior ou menor número” (Ibid, p. 82).<br />

Objetividade e o silenciamento da natureza<br />

O resultado, na verdade o objetivo, desses ataques aos preconceitos é a conquista<br />

da objetividade. Assim Bordo ( 987) observa:<br />

Os resultados <strong>para</strong> Descartes são um novo modelo de conhecimento,<br />

fundamentado na objetividade e capaz de propiciar<br />

uma nova segurança epistemológica a substituir aquilo que foi<br />

perdido com a dissolução da visão de mundo medieval. É um<br />

modelo que, embora sob críticas, ainda faz parte da filosofia<br />

analítica dos dias de hoje e essa ainda gira em torno da imagem<br />

da pureza. Locke falou na filosofia como remoção do ‘lixo que<br />

há no caminho do conhecimento’. Três séculos depois, Quine<br />

escreveu que a tarefa do filósofo era ‘limpar os ontológicos cortiços’<br />

.(BORDO, 987, p. 76).<br />

Bordo ( 987) acentuou também o fato de que a história da filosofia está<br />

cheia de exemplos do modo como a disciplina tem sido vista (ou talvez se veja)<br />

com o papel de “limpar” e “organizar” tudo que era sujo e desordenado. Assim <strong>para</strong><br />

Rorty ( 979), Bordo ( 987) e Bernstein ( 988) a busca pela objetividade representa<br />

de fato uma busca por uma matriz neutra.<br />

O que torna tais concepções peculiarmente cartesianas não é<br />

simplesmente seus pressupostos implícitos de que o filósofo<br />

tem uma ‘matriz’ neutra (como Rorty a chama) com a qual fazem<br />

a limpeza conceitual ou crítica definitiva, mas sua paixão<br />

pela se<strong>para</strong>ção, demarcação e ordem intelectuais” (Ibid., p. 77).<br />

Além disso, Rorty ( 979) argumenta que sua busca representa de fato uma<br />

tentativa de escapar à história, enquanto Bordo ( 987) declara que “<strong>para</strong> o cartesiano,<br />

também, a ambigüidade e a contradição são as piores transgressões. Aquilo que<br />

não pode ser claramente classificado não merece qualquer lugar no universo” (Ibid.,<br />

p.77). Essa objetividade só pode ser alcançada através de um completo apagamento<br />

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