Pensar o ambiente: bases filosóficas para a educação ambiental
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contra ele. O ego da criança tem de contentar-se com o papel infeliz da autoridade – o<br />
pai – que foi assim degradada. Aqui, como tão freqüentemente acontece, a situação (real)<br />
é invertida: “Se eu fosse o pai e você fosse a criança, eu o trataria muito mal.” O relacionamento<br />
entre o superego e o ego constitui um retorno, deformado por um desejo, dos<br />
relacionamentos reais existentes entre o ego, ainda individido, e um objeto externo. Isso<br />
também é típico. A diferença essencial, porém, é que a severidade original do superego<br />
não representa, ou não representa tanto a severidade que dele (do objeto) se experimentou<br />
ou que se lhe atribui. Representa antes nossa própria agressividade <strong>para</strong> com ele. Se<br />
isso é correto, podemos verdadeiramente afirmar que, de início, a consciência surge através<br />
da repressão de um impulso agressivo, sendo subseqüentemente reforçada por novas<br />
repressões do mesmo tipo.<br />
”<br />
Excerto retirado de FREUD, S. O mal-estar na civilização 6 . Rio de Janeiro:<br />
Imago Editora. 1969. [Edição Standard Brasileira das Obras Completas de<br />
Sigmund Freud].<br />
O “Mal-estar na civilização” se insere na última parte da obra freudiana. Seu contexto fático é o da grande<br />
desilusão provocada nos pensadores da época com a brutalidade e capacidade destrutiva manifestada na<br />
primeira guerra mundial, assim como a grave crise que a seguiu, particularmente na Europa. Seu contexto<br />
teórico é o de uma profunda virada na construção freudiana, virada iniciada em 1920 com a publicação<br />
do trabalho denominado “Além do princípio de prazer”, no qual Freud explora, pela primeira vez e ainda<br />
de maneira tentativa, sua concepção sobre a pulsão de vida e a pulsão de morte. Nessa virada teórica se<br />
insere ainda a nova concepção sobre o psiquismo (segundo tópico), na qual é postulada a existência de um<br />
inconsciente originário, indissociável do corpo (Id), e uma posterior diferenciação do ego e do superego (O<br />
Ego e o Id, 1923). Finalmente, faz parte dessas profundas transformações teóricas a postulação da segunda<br />
teoria da angústia e do primado da afetividade nos processos psíquicos, exposta no texto de 1926 “Inibição,<br />
sintoma e angústia.” Caracterizando um progressivo afastamento dos postulados centrais do <strong>para</strong>digma moderno,<br />
este movimento teórico empreendido por Freud fica, no entanto, atrelado, em aspectos importantes,<br />
a esses pressupostos. Os textos selecionados tratam das questões associadas à concepção freudiana da<br />
natureza e da natureza humana. A melhor compreensão do rico pensamento freudiano aconselha, contudo,<br />
a leitura da obra na sua integridade.<br />
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