Pensar o ambiente: bases filosóficas para a educação ambiental
Pensar o ambiente: bases filosóficas para a educação ambiental
Pensar o ambiente: bases filosóficas para a educação ambiental
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
trutura genética e modo de ação, em resumo, toda sua natureza é social; inclusive<br />
ao converter-se em processos psicológicos segue sendo quase-social. O Homem,<br />
inclusive sozinho consigo mesmo, conserva funções de comunicação.<br />
Modificando a conhecida tese de Marx, poderíamos dizer que a natureza<br />
psicológica do homem vem a ser um conjunto de relações sociais deslocadas ao<br />
interior e convertidas em funções da personalidade e em formas de sua estrutu-<br />
ra. Não pretendemos dizer que esse seja, precisamente, o significado da tese de<br />
Marx, porém vemos nela a expressão mais completa de todo o resultado da histó-<br />
ria do desenvolvimento cultural.<br />
Em relação às idéias aqui expostas, que de forma resumida nos ajudam a<br />
conhecer a lei fundamental que temos observado na história do desenvolvimento<br />
cultural ligada diretamente ao problema do coletivo infantil, cabe dizer que as<br />
funções psicológicas superiores – por exemplo, a função da palavra – estavam<br />
antes divididas e repartidas entre os homens, passando logo a ser funções da<br />
própria personalidade. Era impossível esperar algo semelhante da conduta en-<br />
tendida como individual. Antes os psicólogos procuravam deduzir o social do<br />
comportamento individual. Investigavam as reações do indivíduo conseguidas no<br />
laboratório e depois no coletivo, estudavam como muda a reação da personalidade<br />
no <strong>ambiente</strong> coletivo.<br />
Tal discussão do problema é perfeitamente legítima, porém abarca o plano<br />
secundário do ponto de vista genético no desenvolvimento da conduta. A tarefa<br />
principal da análise é mostrar como se produz a reação individual em um am-<br />
biente coletivo. Discordando de Piaget, supomos que o desenvolvimento não se<br />
orienta <strong>para</strong> a socialização, mas sim <strong>para</strong> converter as relações sociais em funções<br />
psicológicas. Por isso, toda a psicologia do coletivo no desenvolvimento infantil<br />
se apresenta agora sob uma perspectiva completamente nova. Costuma-se per-<br />
guntar como se comporta uma ou outra criança no coletivo. A pergunta que nos<br />
fazemos é como o coletivo constitui, em uma ou outra criança, as funções psico-<br />
lógicas superiores.<br />
Supunha-se anteriormente que a função existia no indivíduo de forma aca-<br />
bada, semi-acabada ou embrionária, que dentro do coletivo se desenvolve, com-<br />
plica, acrescenta, enriquece, ou, pelo contrário, se inibe, se comprime etc. Hoje<br />
em dia possuímos todos os fundamentos <strong>para</strong> supor que a situação é oposta em<br />
relação às funções psicológicas superiores. A princípio, as funções no <strong>ambiente</strong><br />
1