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Pensar o ambiente: bases filosóficas para a educação ambiental

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mulada à natureza. As respostas da ciência serão sempre réplicas das perguntas<br />

formuladas pelos humanos. Há uma profunda revisão das noções de objetividade,<br />

de neutralidade e de não interferência que guiou a ciência natural clássica (aristotélica)<br />

e medieval, que consistia na observação e catalogação dos fatos observados<br />

e pressupunha a existência de respostas sem questões e resultados independentes<br />

de um sujeito formulador.<br />

A natureza, na visão romano-cristã, não é mais imutável, mas sujeita à mudança.<br />

A concepção histórica da mudança ou processo foi aplicada à natureza e<br />

resultou na noção de “evolução” do mundo natural. A experiência contemporânea<br />

confere grande centralidade aos estudos históricos e, nestes, aos conceitos de processo,<br />

evolução, mudança e progresso. A mudança já não é cíclica, mas progressiva.<br />

O que foi considerado no pensamento clássico um movimento de rotação ou circular,<br />

por exemplo, passa a ser considerado na modernidade um movimento em<br />

espiral, em que o raio está constantemente a mudar ou o centro é incessantemente<br />

deslocado, ou ambas as coisas.<br />

Todas estas mudanças, <strong>para</strong> Arendt, vão criar as condições <strong>para</strong> que na contemporaneidade<br />

nos vejamos diante dos riscos e oportunidades do desenvolvimento<br />

da tecnologia, que instaura processos na natureza, que não ocorreriam sem a interferência<br />

humana. Diferentemente do mundo grego, quando os humanos almejavam<br />

compartilhar do destino imortal da physis, na contemporaneidade é a natureza que,<br />

de certa forma, compartilha do destino imprevisível e irreversível da ação humana<br />

no mundo. Como afirma Arendt: “Fazemos natureza como fazemos história”<br />

(ARENDT, 2000b, p. 89).<br />

A Ação humana, a esfera pública e o mundo comum<br />

Uma das contribuições mais importantes de Hannah Arendt, <strong>para</strong> a compreensão<br />

crítica da sociedade contemporânea, está em sua reflexão sobre a Ação<br />

humana. Para a autora, em contraposição ao <strong>para</strong>digma antigo grego, a sociedade<br />

moderna está marcada pela diluição das fronteiras entre os domínios do público e<br />

do privado e o declínio da esfera pública – o lugar do político e da Ação humana<br />

por excelência. Arendt vê na modernidade a emergência de uma nova esfera que<br />

denomina de social e que representa a ascensão dos interesses privados sobre o domínio<br />

do mundo comum ou o mundo público.<br />

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