Pensar o ambiente: bases filosóficas para a educação ambiental
Pensar o ambiente: bases filosóficas para a educação ambiental
Pensar o ambiente: bases filosóficas para a educação ambiental
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
da interação cultura-natureza, englobando a informação técnica <strong>para</strong> se sintetizar<br />
em decisões. Para tal, torna-se necessário introduzir, nos processos de planejamento,<br />
estratégias participativas que venham a se apoiar nas forças utópicas da democracia<br />
radical e nas forças distópicas de destruição não pacifista, provocada pelos inconciliáveis<br />
antagonismos, sócio-político-culturais, entre indivíduos, grupos e sociedades.<br />
Ou seja, a participação passa a ser vista, assim, como uma forma estratégica<br />
de interrelacionar – através da crítica, técnico-política, das ações de planejamento<br />
– “kultur” e “zivilization”, harmonizando-as na direção de um bem-comum, como<br />
um futuro compartilhado possível.<br />
Sob tal perspectiva, o impacto “mundializado” da crise <strong>ambiental</strong> origina-se<br />
em conflitos racionais advindos da aplicação de referências da realidade baseadas<br />
em teorias científicas da natureza, mas propaga-se mobilizando-se sobre provocações<br />
de cunho ético e humanístico – sobre uma crítica latente do “ocidente” como<br />
civilização, abrindo-se como ponto de cisão entre alternativas de futuro no confronto<br />
cultura-natureza e suas interações.<br />
A crise <strong>ambiental</strong> é, portanto, uma crise política da razão, que não encontra<br />
significações dentro do esquema de representações científicas existentes <strong>para</strong> o reconhecimento<br />
da natureza social do mundo, que foi histórica, técnica e civilizatoriamente<br />
produzida. Uma crise política da razão frente à não explicação da natureza<br />
social da natureza e de suas implicações sobre o conhecimento e suas relações com<br />
a sociedade e o futuro. 0<br />
Assim conceituada a crise <strong>ambiental</strong>, qual poderia ser o papel da Psicologia<br />
Social no seu enfrentamento?<br />
A Psicologia Social é uma disciplina autônoma (se bem que conexa à Psicologia<br />
Geral) que tem por objeto os aspectos sociais do comportamento humano, a<br />
chamada interação humana. As origens remotas da Psicologia Social situam-se na<br />
filosofia social da antigüidade, dividida entre orientações psicologistas, segundo as<br />
quais as instituições sociais são expressão das características e das exigências psíquicas<br />
individuais (como, por exemplo, na República, de Platão, e na Política, de Aristóteles;<br />
em época moderna no pensamento de Hobbes), e orientações sociologistas<br />
segundo as quais o comportamento individual é determinado pelas condições sociais<br />
(teses que têm suas raízes no pensamento de Hipócrates; e, em idade moderna,<br />
em Rousseau).<br />
10 TASSARA, E. T. de O. A propagação do discurso <strong>ambiental</strong>ista e a produção estratégica da dominação.<br />
ESPAÇO & DEBATES. São Paulo, 1992, v. 35, n. XII, p. 11-15.<br />
22