Pensar o ambiente: bases filosóficas para a educação ambiental

More documents

Recommendations

Info

podemos reconhecer, a partir da sua própria constituição, uma faculdade supra-sensível (a liberdade) e até mesmo a lei da causalidade com o objeto da mesma, que ele pode propor a si mesmo como o fim mais elevado (o bem mais elevado do mundo). Mas sobre o homem (assim como qualquer ser racional no mundo) enquanto ser moral não é possível continuar a perguntar: para que (quem in finem) existe ele? A sua existência possui nele próprio o fim mais elevado, ao qual – tanto quanto lhe for possível – pode submeter toda a natureza, perante o qual ao menos ele não pode considerar-se submetido a nenhuma influência da natureza. Ora, se as coisas do mundo, como seres dependentes segundo possui nele próprio o fim mais elevado, ao qual – tanto quanto lhe for possível – pode submeter toda a natureza, perante o qual ao menos ele não pode considerar-se submetido a nenhuma influência da natureza. Ora se as coisas do mundo, como seres dependentes segundo a sua existência, necessitam de uma causa suprema, atuando segundo fins, então o homem é o fim terminal, da criação, pois que sem este a cadeia dos fins subordinados entre si não seria completamente fundamentada; e só no homem – mas também neste somente como sujeito da moralidade – se encontra a legislação incondicionada relativamente a fins, a qual por isso torna apenas a ele capaz de ser um fim terminal ao qual toda a natureza está teleologicamente subordinada. 252 ” Excerto extraído de KANT, I. Crítica da faculdade do juízo. [Trad. Valerio Rohden e António Marques]. 2 ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2005, p. 270-277. 252 Seria possível que a felicidade dos seres racionais no mundo fosse um fim da natureza e então seria também o seu último fim. Pelo menos não se pode a priori compreender por que razão não deveria a natureza ser desse modo organizada, pois que através do seu mecanismo seria perfeitamente possível este efeito, ao menos tanto quanto nós compreendemos. Mas a moralidade e uma causalidade que lhe está subordinada segundo fins é pura e simplesmente impossível mediante causas naturais. Na verdade, o princípio da sua determinação, em relação ao agir, é supra-sensível e por isso o que é unicamente possível na ordem dos fins. Tal princípio é em relação à natureza pura e simplesmente incondicionado e desse modo o que somente qualifica o sujeito da moralidade como fim terminal da criação, ao qual a natureza, no seu conjunto, se encontra subordinada. A felicidade, pelo contrário, tal como mostramos no parágrafo anterior a partir do testemunho da experiência, nem é mesmo um fim da natureza em relação aos homens, com um privilégio face às outras criaturas. Grande erro será pensar que ela deveria ser um fim terminal da criação. Os homens têm sempre a possibilidade de fazer dela o seu fim subjetivo último. Mas quando pergunto pelo fim terminal da criação, isto é, para que têm que existir homens, trata-se então de um fim objetivo supremo, como o exigiria a suprema razão, no que diz respeito à sua criação. Ora, se respondermos que é para que existam seres, aos quais aquela causa suprema possa ser benfazeja, então entramos em contradição com a condição à qual a razão do homem subordina mesmo o mais íntimo desejo de felicidade (nomeadamente a concordância com a sua própria legislação moral interna). Isto prova que a felicidade só pode ser fim condicionado e que por isso o homem só pode ser fim terminal da criação na qualidade de ser moral. Mas no que concerne à sua situação, só como conseqüência se lhe liga a felicidade, conforme o acordo com aquele fim, enquanto fim da sua existência. (Kant) 122
DUARTE, R. Belo e sublime em Kant. Belo Horizonte: UFMF, 998. DUTRA, D. J. V. Kant e Habermas. Porto Alegre: PUCRS, 2002. HÖFFE, O. Immanuel Kant. São Paulo: Martins Fontes, 2005. Referências KANT, I. Crítica da razão pura. [Trad. Valerio Rohden e Udo B. Moosburger]. São Paulo: Abril Cultural, 980. (Coleção Os Pensadores) ______. Duas introduções à Crítica do Juízo. [TERRA, Ricardo R. (org.)]. São Paulo: Iluminuras, 995. ______. Crítica da razão prática. [Ed. bilíngüe, com reprodução fac-símile da ª ed. original alemã e trad. de Valerio Rohden]. São Paulo: Martins Fontes, 2003 (ed. econômica, só tradução, 2002). ______. Crítica da faculdade do juízo. [Trad. Valerio Rohden e António Marques]. 2 ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2005. LEBRUN, G. Sobre Kant. São Paulo: USP, 993. ______. Kant e o fim da metafísica. [Trad. Carlos A. de Moura]. São Paulo: Martins Fontes, 993. MARQUES, A. Organismo e sistema em Kant: ensaio sobre o sistema kantiano. Lisboa: Presença, 987. ______. A razão judicativa. Lisboa: Imprensa Nacional/Casa da Moeda, 2004. ROHDEN, V. (org.). 200 anos da Crítica da faculdade do juízo. Porto Alegre: UFRGS/Goethe-Institut, 992. ______. Interesse da razão e liberdade. São Paulo: Ática, 98 . (Coleção Ensaios 7 ) TORRES FILHO, R. R. Ensaios de filosofia ilustrada. São Paulo: Brasiliense, 987. 123
Page 1 and 2:
Pensar o Ambiente: bases filosófic
Page 3 and 4:
Page 5 and 6:
Page 7:
Apresentação Este vigésimo sexto
Page 10 and 11:
Freud e Winnicott: a psicanálise e
Page 12 and 13:
passagens representativas das teori
Page 14 and 15:
por Maimônides, chamado por Tomás
Page 16 and 17:
constituindo-se na base de sua prop
Page 18 and 19:
pensa os fenômenos clínicos que o
Page 20 and 21:
Em A outridade da natureza na educa
Page 22 and 23:
um amplo recorrido do pensamento co
Page 25 and 26:
Os Pré-Socráticos: os pensadores
Page 27 and 28:
destas expressões singulares. Talv
Page 29 and 30:
Os pré-socráticos viveram aproxim
Page 31:
“ Heráclito de Éfeso 8 - O cont
Page 34 and 35:
de um grande império. De volta a A
Page 36 and 37:
as questões centrais da Ética a N
Page 38 and 39:
“ A virtude pode ser encarada sob
Page 40 and 41:
Está claro então que em toda a no
Page 43 and 44:
Santo Agostinho e São Tomás: a fi
Page 45 and 46:
coisas, que têm sido feitas por el
Page 47 and 48:
Da eternidade e necessidade do pens
Page 49:
Quero concluir esta pequena síntes
Page 52 and 53:
tológico sustentado pelo racionali
Page 54 and 55:
Um projeto anunciado de uma grande
Page 56 and 57:
delicado triângulo ciência, técn
Page 58 and 59:
nismos. Se os homens tivessem empre
Page 60 and 61:
Para algo mais chamamos a vossa ate
Page 63 and 64:
Decartes, Historicidade e Educaçã
Page 65 and 66:
Comprazia-me, sobretudo, com as Mat
Page 67 and 68:
E assim pensei que as ciências con
Page 69 and 70:
não descansará enquanto a razão
Page 71 and 72: de eu pensar em duvidar da verdade
Page 73 and 74: tanto, Descartes não propõe que t
Page 75 and 76: Mais significativas, as vozes alter
Page 77: KELLER, E. F. Reflections on gender
Page 80 and 81: a Holanda por ser um país que perm
Page 82 and 83: tância que existe no interior de t
Page 84 and 85: autômatos. Também não é propond
Page 86 and 87: “ Ética I 8 De Deus PROPOSIÇÃO
Page 88 and 89: compleição, diversas maneiras de
Page 90 and 91: império absoluto sobre as afecçõ
Page 93 and 94: Rousseau: o retorno à natureza Nad
Page 95 and 96: existência. Logo após a publicaç
Page 97 and 98: de, que, projetada sobre a criança
Page 99 and 100: dono de si, pelo domínio das paix
Page 101 and 102: ambivalente em Rousseau, que tanto
Page 103 and 104: “ Livro quarto Com que rapidez pa
Page 105 and 106: sentido, senão modificações. Ass
Page 107 and 108: Queremos obter a preferência que d
Page 109: VOLTAIRE, Lettre 30.08.1755. Dispon
Page 112 and 113: Antes de a cidade ser pela primeira
Page 114 and 115: (de aproximação e guia de investi
Page 116 and 117: Sobre o homem (assim como qualquer
Page 118 and 119: trabalha na destruição da sua pr
Page 120 and 121: (provocada por paixões desenfreada
Page 125 and 126: Karl Marx: história, crítica e tr
Page 127 and 128: destas perspectivas, superando-as e
Page 129 and 130: assim como estes se oferecem imedia
Page 131 and 132: uma massa de forças produtivas, de
Page 133 and 134: forma, claro. A igualdade dos traba
Page 135 and 136: Referências MARX, K. Manuscritos e
Page 137: Sobre a “questão ambiental” em
Page 140 and 141: na modernidade, não foi o resultad
Page 142 and 143: quívoca, a construção da metapsi
Page 144 and 145: na, de felicidade ou infelicidade 7
Page 146 and 147: sentido da vida para cada sujeito.
Page 148 and 149: lismo winnicottiano é postulado no
Page 150 and 151: Contudo, quando consideramos o quan
Page 152 and 153: contrário, pode ser algo desejáve
Page 154 and 155: contra ele. O ego da criança tem d
Page 157 and 158: Heidegger: “salvar é deixar-ser
Page 159 and 160: propriedade. Esta atitude, que est
Page 161 and 162: que cresce a partir de si mesmo, da
Page 163 and 164: em diversos momentos da obra de Hei
Page 165: Referências HEIDEGGER, M. Sobre o
Page 168 and 169: de uma nova sociedade, que tendenci
Page 170 and 171: vo entre a preparação e a supera
Page 172 and 173:
nido onde ocorrem as relações din
Page 174 and 175:
“ A tríplice natureza da consci
Page 176 and 177:
“ A consciência como um “quase
Page 178 and 179:
do coletivo se estruturam em forma
Page 181 and 182:
A Outridade da Natureza na Educaç
Page 183 and 184:
to” pelas coisas. Mas as coisas n
Page 185 and 186:
O teólogo Martin Buber ( 996) comp
Page 187 and 188:
que a hermenêutica permanece dentr
Page 189:
Referências ALMEIDA, C.L.S. de; FL
Page 192 and 193:
No artigo O conceito de história,
Page 194 and 195:
mulada à natureza. As respostas da
Page 196 and 197:
mento, impondo inúmeras e variadas
Page 198 and 199:
É só na era moderna que se passa
Page 200 and 201:
O uso do termo para descrever assun
Page 202 and 203:
“ O conceito de história, antigo
Page 204 and 205:
todos os fenômenos estritamente po
Page 207 and 208:
Paulo Freire: a educação e a tran
Page 209 and 210:
A sua história de vida é marcada
Page 211 and 212:
A metodologia proposta por Paulo Fr
Page 213 and 214:
Portanto, torna-se relevante, em te
Page 215 and 216:
A educação autêntica não se faz
Page 217 and 218:
E é como seres transformadores e c
Page 219:
______. Pedagogia da esperança: um
Page 222 and 223:
método de acesso ao conhecimento d
Page 224 and 225:
está longe de ser uma casualidade
Page 226 and 227:
como “alter”, fundamentando, ne
Page 228 and 229:
Mesmo no séc. XX, a Psicologia Soc
Page 230 and 231:
Social tornou-se ciência experimen
Page 232 and 233:
nhuma consente em abandonar-se). Pa
Page 235 and 236:
Sobre Autores e Autoras Alfredo San
Page 237 and 238:
Gabriela dos Reis Sampaio: Graduada
Page 239 and 240:
Valerio Rohden: Graduado em Filosof
Page 241 and 242:
Coleção Educação para Todos Vol
Page 243 and 244:
produção do conhecimento em Educa
show all

Pensar o ambiente: bases filosóficas para a educação ambiental

Create successful ePaper yourself

Delete template?

Save as template?