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Pensar o ambiente: bases filosóficas para a educação ambiental

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método de acesso ao conhecimento decorrente, de forma coerente e consistente, das<br />

duas primeiras respostas às referidas questões.<br />

Dessa forma, ao se materializar o naturalismo com a fundação da física dinâmica,<br />

constituía-se uma forma de conhecimento comprometida com uma ontologia<br />

realista-materialista, uma epistemologia objetivista e dualista, através da qual, pela<br />

suposta não interação entre o sujeito e o objeto do conhecimento, pressuposto do<br />

<strong>para</strong>digma eleito, excluíam-se do conhecimento os valores e crenças redutores deste<br />

mesmo conhecimento. Decorria, então, uma metodologia experimentalista-empirista,<br />

isolando o conhecimento dela derivado dos valores e crenças do sujeito e os<br />

eventos observados de fatores externos de interferência sobre os mesmos.<br />

Desta metodologia decorreu a consolidação da física dinâmica que, segundo<br />

Einstein, consistiria em um sistema de mundo que desenvolveu um conhecimento<br />

matemático do movimento.<br />

Assim, a Epistemologia Clássica constituiu-se sob esta forma do conhecimento<br />

científico que primeiro nasceu no pensamento moderno: a física dinâmica<br />

e sua matematização. Uma forma precisa de racionalidade que se refere a um objeto<br />

atemporal, a uma lógica atemporal. 3<br />

Este ideal científico preciso, devido à axiomatização oferecida pela lógica matemática,<br />

de local (física), tornou-se global (ciência), permitindo à Epistemologia<br />

Moderna fundar critérios de demarcação entre ciências 4 e pseudociências, saberes<br />

empíricos, conhecimentos exatos, em função da distância metodológica das várias<br />

disciplinas, com relação à metodologia da física teórica.<br />

No entanto, no séc. XIX, ao lado desta articulação mensurativa espaço-tempo,<br />

o tempo que transforma os objetos começa a consolidar uma dimensão científica.<br />

Trata-se de uma lenta transição de pensamento, que gera verdadeiras e específicas<br />

teorias científicas em setores de estudo diferentes (termodinâmica, evolucionismo,<br />

psicanálise, marxismo e outros), e que coloca no centro das reflexões uma pluralidade<br />

de tempos que, no transcorrer, modificam o objeto. Esta é uma transição de<br />

perspectiva que se constitui em uma verdadeira e nova forma de pensar a realidade<br />

– não é mais o espaço a dar razão de ser ao tempo, mas, delineia-se uma realidade<br />

natural, ou social, que é modificada pela ação do tempo histórico processual. Introduz-se<br />

a dimensão construtiva do futuro, de uma realidade de referência temporal<br />

precedente àquela que a suceder.<br />

3 GAGLIASSO, E. Tempo della misurazione. Tempo della trasformazione: problemi epistemologici. Em VV.AA.<br />

Percorsi della ricerca filosofica. Filosofie tra storia, linguaggio e polittica. Roma: Gangemi, 1990. p. 129-139.<br />

4 POPPER, K. The logic of scientific discovery. Londres: Hutchinson, 1959.<br />

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