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Pensar o ambiente: bases filosóficas para a educação ambiental

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propriedade. Esta atitude, que está a um passo da espoliação, é característica da<br />

concepção moderna do que seja conhecer. A imposição unilateral deste modo de se<br />

relacionar com o real ofusca os seres e corresponde a um estreitamento da capacidade<br />

humana de experienciar a vida.<br />

Esta determinação, talvez muito precisa, da pedra continua um número, mas<br />

o que significa verdadeiramente <strong>para</strong> nossa experiência o peso da pedra enquanto<br />

fardo, enquanto gravidade, escapou-nos. Este pensamento se revela nas seguintes<br />

reflexões de Heidegger:<br />

Nós chamamos este chão de terra. O que esta palavra diz não<br />

deve ser associada com uma massa de matéria depositada em algum<br />

lugar, ou com uma idéia meramente astronômica do planeta<br />

[...]. Uma idéia meramente astronômica do planeta Terra e uma<br />

idéia da terra como uma massa distribuída em algum lugar não<br />

dizem o que a terra é. A terra é o lugar onde tudo que surge, tudo<br />

que cresce, volta a encontrar abrigo (Heidegger, 97 , p. 42).<br />

[...]<br />

Uma pedra pressiona <strong>para</strong> baixo e manifesta seu peso. Mas,<br />

enquanto esse peso exerce sobre nós uma pressão de oposição,<br />

recusa-nos qualquer penetração em seu interior. Se tentarmos<br />

tal penetração, quebrando a pedra, mesmo assim ela não nos<br />

mostra, em seus fragmentos, qualquer coisa interior que tenha<br />

sido assim descoberta. A pedra instantaneamente se recolheu<br />

novamente <strong>para</strong> dentro da mesma opaca pressão e volume de<br />

seus fragmentos. Se tentarmos agarrar o peso da pedra de outra<br />

maneira, colocando a pedra numa balança, nós meramente a<br />

traremos <strong>para</strong> a forma de um peso calculado (op. cit.,p.46-47).<br />

Em outro momento inspirado, Heidegger afirma:<br />

A cor brilha, e quer somente brilhar. Quando a analisamos em<br />

termos racionais, medindo suas ondas, ela já se foi. Ela se mostra<br />

somente quando se manifesta velada e inexplicada. Assim,<br />

a terra estilhaça toda tentativa de nela penetrar. Ela faz com<br />

que todo agir inoportuno e meramente calculador sobre ela se<br />

torne uma destruição. Essa destruição pode se apresentar sob a<br />

aparência do domínio e do progresso, na forma da objetivação<br />

técnico-científica da natureza, mas esse domínio permanece, entretanto,<br />

uma impotência da vontade (Heidegger, 97 , p. 47).<br />

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